09 maio 2017

dia da Europa

A 9 de Maio de 1950, Robert Schuman apresentou o seu plano para criar uma comunidade europeia do carvão e do aço. Estava lançada a primeira pedra para um caminho novo nas relações europeias. Três anos mais tarde, na conferência de Londres, uma parte importante das dívidas da Alemanha seriam perdoadas - em atitude inteiramente oposta à do tratado de Versalhes, que esteve em parte na origem da tragédia que assolou a Alemanha e se abateu sobre a Europa a partir de 1933.

Nestes tempos de imediatismo e fraca memória convém lembrar de onde viemos. Lembrar, por exemplo, que o plano de Schuman foi apresentado apenas cinco anos depois do fim do III Reich, numa Europa de ruínas ainda fumegantes e a fazer o luto de muitas dezenas de milhões de vítimas, a países que colaboraram na guerra e no Holocausto - e que muitos dos seus agentes o fizeram por convicção, e não apenas por medo aos nazis alemães.

Se Schuman conseguiu começar a unir a Europa em torno de um ideal de paz e de cooperação apesar de as populações europeias estarem contaminadas pelo veneno da ideologia nazi (que teve os seus seguidores em todos os países, mesmo nos que não foram invadidos pelo exército alemão), se foi possível estender a mão à Alemanha apesar da sua imensa culpa nas muitas misérias - morais, materiais, intelectuais - que afligiam a Europa desse tempo, o que nos impede hoje de acreditar que é possível melhorar a Europa? O que nos impede de trabalhar para uma Europa mais coesa e pacífica?

De que nos lamentamos hoje? Do poder sedutor do populismo e dos nacionalismos?! Dos 11 milhões que votaram na Marine Le Pen? Vejamos: quantos milhões de franceses votariam Le Pen em 1950? Quantos milhões de holandeses votariam Geert Wilders nesse ano?

Nem sequer precisamos de inventar nada. Já foi inventado, já foi posto em acção, já deu provas de que é possível. O que nos é pedido é que saibamos corrigir o rumo para voltar à direcção apontada por aquela mudança de paradigma: uma cultura da não-violência, norteada pelo espírito das Nações Unidas e do respeito pelos Direitos Humanos; a recusa da competição mundial à custa dos outros e especialmente dos mais pobres; trazer a solidariedade, a cooperação, a honestidade e a sabedoria para o centro do nosso agir. 








Sem comentários: