09 fevereiro 2014

Afternoon of a Faun: Tanaquil Le Clercq


(fotografia tirada deste artigo sobre o filme)





Começar pela beleza: prelúdio para o entardecer de um fauno e Tanaquil Le Clercq a dançar, lenta e intensa. O tempo, mais que o movimento, estruturam a sua dança. A pouco e pouco os relatos dos amigos vão-se juntando a estas imagens assombrosas, e compõem-lhe uma biografia. A sua adolescência, a escola de dança, a musa de Georges Balanchine, a relação com Jerome Robbins. No auge da fama, aos 28 anos, a poliomielite. Tanaquil fica paralisada. E é então - nesse tão prematuro entardecer do fauno - que revela toda a sua força, a sua independência, o seu amor à vida.  

Nancy Buirsky apresenta-nos uma mulher admirável, num filme que nos faz bem - e que hoje conquistou o aplauso entusiástico do público da Berlinale.

Na conversa que se seguiu, a realizadora falou deste projecto de três anos. A sua descoberta recente da bailarina, a incredulidade por ninguém ainda se ter lembrado de fazer um filme sobre ela, o desafio de encontrar imagens da sua vida pós-poliomielite, muito mais privada. Os pulmões mecânicos e os efeitos dessa doença, "não me peçam para falar da poliomielite, caso contrário nunca mais saímos daqui" ou, quando lhe perguntaram porque é que não falou na homossexualidade de Jerome Robbins, que com certeza seria impedimento para uma relação amorosa com Tanaquil, "conhecem-se relações dele com várias mulheres, e as cartas que aqui mostrámos eram apenas a ponta do icebergue - ele escreveu-lhe cartas muito mais ardentes. Essas coisas nunca são simples."
A segurança, o domínio dos temas, e tudo isso num registo de voz muito agradável - a conversa com Nancy Buirsky soube a pouco. Deixo aqui um vídeo no qual ela fala deste filme:  




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Secção Futilidade

Esta Berlim que eu adoro: a apresentadora do filme estava vestida com calças, uma t-shirt e um casaquinho de malha. Aquilo nem chega a ser chique caseiro - é pouco mais que um fato de treino melhorado. Mas pronto: era domingo de manhã, deixou o café e o croissant na cozinha, veio num instantinho apresentar o filme. As pessoas na sala também não estavam muito mais arranjadas. Berlim.

O Dieter Kosslick já não usa o famoso cachecol vermelho. Anda com um azul, da Berlinale. Ora, isto não se faz! Uma pessoa vai juntando marcos para se orientar nesta cidade, "se tem um cachecol vermelho é o Kosslick", e vai ele e muda. Agora só me falta o Waltz usar o mesmo cachecol, e fico incapaz de distinguir um do outro.





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