10 fevereiro 2013

saltar etapas na carreira académica

A propósito deste texto do Ferreira Fernandes, no qual ele chama "prof. dr." à Annette Schavan, aqui ficam duas informações (e o comentário que não consigo calar) (hehehe) (depois quando chegar ao inferno não vou gostar, mas por enquanto vai-me sabendo bem...)


Primeira informação: a Annette Schavan não é "prof. dr.", é (era) apenas "doktor". Em Portugal, a licenciatura basta para chegar ao "dr.". Na Alemanha, o título "doktor" é conquistado com um trabalho de investigação (Promovierung) feito ao longo da licenciatura ou no fim dela. A Annette Schavan fez esse trabalho segundo um regime existente na altura, que permitia aos melhores alunos (e apenas a esses) trocar o exame final do curso por um trabalho de investigação e a consequente publicação. Ao ver anulado o trabalho (e o título), perdeu também a licenciatura.

Segunda informação: a hierarquia de títulos académicos na Alemanha é assim:
- Doktor (acima do "dr." português, mas não "professor" - nem sequer dá direito a ser docente nas Universidades)
- Dr. habil. (depois da "Habilitation")
- Privatdozent
- Prof. Dr.

Em suma: o Ferreira Fernandes saltou três etapas da carreira académica. O que não devia ser motivo de admiração: num país onde o Relvas é licenciado.

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Adenda em 11.02.12: na sequência de comentários de amigos que entendem muito mais disto que eu, fiz algumas correcções a este post.

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Nova adenda: acabei de descobrir que no próprio gabinete ministerial consta como "Prof. Dr. Annette Schavan".
As minhas desculpas ao Ferreira Fernandes.

(talvez fosse boa ideia eu apagar este post e ir mazé comprar bilhetes para a Berlinale...)

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