15 fevereiro 2013

em vez de fiscais, participação pública

(foto)

Tenho um chuveiro fantástico, podem crer. Deviam fazer lá as reuniões de conselho de ministros, aposto que do duche saíam ideias melhores que as que saem daquela mesa.

Hoje, por exemplo, em menos de cinco minutos ocorreu-me isto:

Para pôr os portugueses a pagar o IVA de bom grado, e a verificar se é realmente entregue às Finanças, bastava dizer que a diferença entre o IVA pago em cada ano, e o que foi pago em 2012 (corrigido pela inflação) fica na região (concelho ou distrito) onde foi pago, para ser utilizado da maneira que o povo entender. Para isso,
1. Abre-se um concurso de ideias sobre o que fazer com o dinheiro (pagar as dívidas da região para se livrar dos malditos juros, comprar uma máquina XPTO para tratamento de cancro, fazer obras nos hospitais ou nas escolas x e y, baixar o preço dos transportes públicos, reactivar a linha de comboio regional fechada pela CP (passando a ser propriedade da autarquia), para pôr mais pessoal nas creches e nos lares de terceira idade autárquicos, fazer um centro de explicações e actividades culturais para crianças e jovens gratuito, etc.
2. Fazem-se reuniões para debater a importância de cada projecto.
3. Faz-se um referendo nessa região para escolher os projectos prioritários, com escolha múltipla.
4. Todos os anos publicam-se as contas do IVA, vê-se a diferença, e aplica-se o excedente nos projectos escolhidos.

Se as pessoas soubessem para onde vai o dinheiro, e que vai para os projectos que elas consideram importantes, não era preciso fiscais para nada.

(Estou em crer que esta ideia precisava de algumas afinações, mas a água e a energia estão caras, não deu para pensar muito mais - amanhã, depois do vosso duche, voltamos a falar disto)

9 comentários:

Ana V. disse...

Helena, estamos chateados! Porque o nosso IVA vai para aqui: http://www.ionline.pt/dinheiro/operacoes-injeccao-capital-no-bcp-no-bpi-na-cgd-foram-concluidas, entre outros. O problema é esse.

Helena Araújo disse...

Ana,
não percebo muito disso (aviso já) mas há tempos ouvi dizer que a economia portuguesa estava esganada pela falta de crédito. Que há empresas com projectos novos que não conseguem realizar porque não têm acesso a créditos bancários.
Se isto é verdade, acho bem que se meta dinheiro nesses bancos - desde que eles recomecem na mesma medida o apoio à actividade económica. Ou isso, ou mudar o sistema todo, e pôr o Estado a fazer de banqueiro.
Em resposta a essa notícia, li esta, onde se diz que esta injecção de capital nos bancos é um negócio bom para o contribuinte:
http://www.publico.pt/economia/noticia/bdp-injeccao-de-dinheiro-publico-nos-bancos-e-o-melhor-para-o-contribuinte-1582989
(mas confesso que continuo a não entender bem)

Ana V. disse...

Entendo como vês, Helena, mas a verdade é que apesar das injecções de dinheiro na banca, que até admito ser necessário depois de anos de desvario, as empresas continuam a não ter crédito! Por outro lado, http://www.tvi24.iol.pt/503/economia---economia/moreira-rato-igcp-divida-publica-rendimento-salario/1420063-6377.html. Eu concordo com o teu plano, o meu seria muito parecido... mas a realidade em Portugal é outra. E infelizmente não vai acabar nem agora nem nunca. O descrédito em que caiu toda a classe política e o Estado em geral é abismal, há muita gente a dizer 'eu nunca mais voto na vida'. A factura é apenas um escape do sentimento de perseguição generalizado: "eles" fizeram o que quiseram e "nós" agora é que pagamos. Beijinho! :) Já sabes que sou fã e leitora

Helena Araújo disse...

Andamos aqui a trocar notícias como quem troca cromos, hehehe... ;-)

Percebo cada vez melhor essa história do escape do sentimento de perseguição. Mas é um mero escape, não é? Uma mera reacção.
Tem de acontecer alguma maneira de saírmos desta situação de letargia e descrédito. Nunca mais votar na vida não é solução, e fugir aos impostos porque "de qualquer modo são todos uns ladrões" também não.

Eu penso que isto só pode passar pela consciência de que o país é nosso, e é o único que temos. Pagar os impostos, fazer questão de não entrar em corrupções (por exemplo: não arranjar esquemas para usar os serviços públicos em proveito próprio e em prejuízo de terceiros), e exigir em conformidade dos políticos, dos funcionários do Estado, dos nossos concidadãos.
Mas isto implica uma mudança cultural muito difícil, que é a de passarmos de sofredores passivos a exigidores actuantes e denunciantes.

("fã e leitora"? tsss tsss tsss ;-) )

Anónimo disse...

Uma ideia tão boa como muitas outras houvesse uma democracia participativa.

Carla R. disse...

Se prometeres que tomas um duche todos os dias, eu voto em ti.

Helena Araújo disse...

hahaha
Oh, pá, fazia as reuniões de conselho de ministros na casa de banho!
(viste o filme do Woody Allen "to Rome with love"?)

Carla R. disse...

Siiiim. Adorei a cena da opera !

Helena Araújo disse...

Eu quase caí da cadeira a rir!