09 fevereiro 2013

Berlinale 2013 - Terra de Ninguém


(fotos)


Não sei para que me deu este ano, que tenho andado a ir à Berlinale apanhar tareias consecutivas.
Ontem em Gaza, hoje nas recordações escabrosas de um habitante da Terra de Ninguém.

Durante o filme, pensei muito num amigo de família, entretanto falecido, que tinha estado nos Comandos: tinha frequentemente pesadelos, e nunca contou o que acontecera na guerra. Lembrei-me da actriz palestiniana de Rock the Casbah: "na guerra, todos perdem". Quis muito ver a cara que a Salomé Lamas estaria a fazer enquanto o entrevistado contava aquelas atrocidades (para quando um "Terra de Ninguém - o outro lado"?)


A sala estava praticamente cheia, o público deixou-se ficar para a conversa com a realizadora e o produtor.

A Salomé Lamas falou da cadeira como o assento do réu, ou do condenado à morte. Curioso: quando a vi pela primeira vez, pensei num trono. E continuo a concordar comigo: aquele homem é o rei  e senhor da sua terra, e aquela cadeira é o centro do seu poder.


***

O homem que fala português, que conheci na primeira das esperas para comprar bilhetes e se sentou ao meu lado na Maison de la Radio, esta manhã estava de novo na fila, e hoje à tarde estava sentado duas filas à minha frente. No fim, reparei que deixou cair as protecções auriculares dos seus head-phones. Ainda pensei levá-las comigo, porque o mais provável é continuar e encontrá-lo várias vezes por dia. Mas preferi deixá-las no balcão dos perdidos e achados.


Sem comentários: