10 maio 2012

russendisko na Pensão Amor

Haverá imagem mais simbólica, para a festa de lançamento de um livro sobre sonhos não realizados, que esta rua cheia de gente que queria entrar na russendisko, e não entrou?

A Olga Kaminer morria de pena deles. "Abram-lhes a porta!", dizia ela. "O chão aguenta!".
Não sei se o chão aguentava. Houve momentos em que me lembrei do grande terramoto de Lisboa.
A sala estava apinhada. Gente a dançar, a saltar, a rir. Um ambiente bastante semelhante ao da russendisko em Berlim, mas com uma grande diferença para melhor: desta vez a Olga não tinha funções de organizadora, pelo que pôde ir para o palco dançar a seu bel-prazer. Às vezes o marido acompanhava-a. O público delirava. E não era caso para menos.






Nos bastidores suava-se, e era por outros motivos. Devido a um mal-entendido, o Wladimir Kaminer estava convencido que não ia fazer russendisko nenhuma, enquanto nós não pensávamos noutra coisa. De modo que quando ele, ao chegar a Lisboa, percebeu a confusão que se tinha armado, tratou de ligar à sogra, para levar os CDs ao vizinho, para este os carregar todos para a internet, para o Lutz os baixar, etc. (por falar nisso, agora me ocorre que seria simpático levar uma caixa de trufas ao vizinho, e outra à sogra) (e outra ao Lutz). O Lutz entregou as cópias em CD, e foi à vida dele com a pen no bolso. O Kaminer começou a russendisko com os CDs que por acaso tinha trazido de casa, pelo caminho deu-se conta de que as cópias não passavam no equipamento, e lá fui eu à procura do Lutz. Mais fácil seria encontrar uma agulha num palheiro... Finalmente o Lutz apareceu, aaah que alívio, e parecia o Shining: a pen também não estava a funcionar. Conseguimos chamar o especialista da casa, tudo se resolveu. Enquanto isso, o Wladimir Kaminer dançava com a sua Olga, cantava desafinado com toda a alma, mudava as músicas. Como se tudo corresse às mil maravilhas, como se não estivesse mais ou menos a cinco minutos de se lhe acabar a música.

A russendisko foi até à uma da manhã. Depois entrou outro DJ, um profissional, e nós fomos descansar, porque no dia seguinte já tínhamos lugar marcado no expresso do paraíso.

(Há por aí mais um filme, e os belos amigos que são os meus andam-me a pressionar para o publicar. Mas eu, ah, digo-lhes logo que tirem daí a ideia.)

(vídeos e fotografias da Carla R., excepto o que não foi publicado, que é do Paulo Almeida)

8 comentários:

Leonor disse...

E os CDs do Helder cá em casa sossegadinhos ;-)
Adorei a Russendisko mas a grande estrela da noite foi a Olga. Ela é tão mas tão cómica. Não sabia que actuava com o marido.
Beijinhos, Helena :)

Helena Araújo disse...

Pois é, ela é mesmo demais!

E lembras-te quando fui ter contigo a perguntar se por acaso tinhas contigo os famosos CDs? Era uma tentativa desesperada de desenrascar...

Leonor disse...

Lembro-me pois. Se tivéssemos sabido à tarde ante de ir para o lançamento ainda dava.

Helena Araújo disse...

Pois é... mas a essa hora, eu ainda estava convencida que os CDs que o Lutz fez iam funcionar.
Não importa: tudo acabou em bem. E fiquei a admirar muito aquele sangue frio do Kaminer. As músicas a esgotar a olhos vistos, e ele na maior a dançar com a Olga no palco.

Leonor disse...

É a arte do desenrascanço. Do lado de cá não se notava nada realmente :)

Luís Novaes Tito disse...

Festa animada.
Falta este vídeo:)
http://youtu.be/b69wyEY9Adw

Luís Novaes Tito disse...

Claro que o meu comentário anterior era a brincar.
Não falta aqui nenhum vídeo só que me fartei de rir quando o vi no Youtube.
Este comentário também não é para publicar, claro!

Helena Araújo disse...

Leonor,
nem eu notei se o Kaminer estava aflito. Às tantas, a única que suava era eu...