10 outubro 2011

big brother is watching your facebook

Eu até nem sou de teorias da conspiração, nem nada, mas pergunto-me se não haverá dedinho do google y sus amiguitos nesta onda de pânico que se tem gerado à volta do facebook.

Não é que o facebook precise de ajuda dos seus concorrentes para suscitar desconfianças. Por estúpida arrogância (já várias vezes demonstrada, aliás, nomeadamente com as repetidas questões muito mal esclarecidas sobre a privacidade dos dados) desrespeita regras fundamentais do funcionamento destes consumos. Como é possível mudar a lógica interna de um produto depois de o ter lançado e a funcionar, sem dar informações extremamente claras sobre o modo como agora funciona? O facto de andarmos todos desconfiados (pese embora o dedinho da concorrência, que provavelmente  andará por aí) é sinal claro de que a empresa facebook falhou redondamente no serviço aos seus clientes.
"Clientes"? Pensando bem, não sei se nós somos clientes da facebook, se somos o seu produto...

Já me faltou mais para sair do facebook. E não me sinto tentada a recomeçar tudo noutro sítio qualquer.

A ver vamos como é que a coisa evolui. Mas algo me diz que a arrogância e a prepotência do facebook, combinadas com esta onda de desconfiança eventualmente manipulada sabe-se lá por quem, podem estar na origem de uma nova fase das redes sociais. Para que nos lembremos, mais uma vez, que e pour se move.

***

Poroutroladomente...
Ontem partilhei no facebook um post do tipo "via Fulano via Sicrano via Beltrano", o que me suscitou uma observação:

Estas partilhas de partilhas de partilhas de partilhas do facebook lembram-me o"Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha"

Daí a nada este comentário estava a ser partilhado em vários sítios, onde começaram a pipocar comentários bem dispostos de pessoas que eu não conheço da vida real. E eu a rir-me com elas, numa boa onda. Numa óptima onda de empatia com desconhecidos.
As redes sociais também são isto, e há neste fenómeno novo algo muito positivo que me faz sentir alegria e orgulho nos seres humanos do séc. XXI.


Poroutroladomente...
Uma amiga ofereceu-me, em comentário no facebook, mais uma perspectiva para esta questão:

Facebook eu acho mais parecido com a Quadrilha original, do Drummond: 

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

1 comentário:

sem-se-ver disse...

dd ontem hesito, pq vai sair coment grande, e...

como manifesto no meu blog, nunca gostei do FB nem, essencialmente, das motivaçoes que lhe deram origem e, em particular, da sinistra personagem que o criou. a ela e só a ela se deve o princípio proclamado 'os tempos da privacidade acabaram'; e, portanto, tudo o que a criatura inventa para aquela rede social - mudar as definições substituindo-se ao usuário na escolha de as mudar, fazer alterações sem avisar o usuário, ceder os dados dos usuários a empresas terceiras, e, agora, monitorizar as páginas que o usuário visita mesmo quando faz logout da sua conta! - é coerente com esse mesmo princípio. arrepiante.

é por isto que não tenho, como sabes, conta pessoal no FB. e é por isto também que passei a utilizar, como o Paulo Querido sugeriu, um browser específico só para usar o FB (no caso, instalei o chrome).

ah, mas afinal tens conta? sim, pelo motivo mais frívolo (jogar farmville :D e, após ter-me passado a relativa febre, pelas vantagens que o FB me dá - tal como o twitter, mas em muito melhor, poder seguir notícias; salas de espectáculo e instituições culturais; algumas figuras públicas, também da blogosfera; e um reduzidissimo grupo de amigos.

não se esgota nestas virtualidades a qualidade do FB: é uma poderosa ferramenta de mobilização, como tantos exemplos se podem já arrolar.

são elas suficientes para me fazer criar uma conta pessoal? não, porque as razões primeiramente apontadas são muito mais ponderosas. e poderosas.

o google + também não é solução (ainda pensei que nele poderia participar) pois, ao nível da falta de protecção de privacidade, está na mesma (ou a ir no mesmo caminho) que o FB.

donde, espero pacientemente que alguém descubra algo que seja decente. na sua origem, nos seus propósitos e na sua consecução.

(os teus poroutroladomente são outro lado engraçado do face, mas, quantas vezes, andamos meramente a replicar partilhas de partilhas sem dizer nada de novo :D contudo, é bom sabermos que não estamos sozinhos nos nossos gostos, interesses e opiniões :)

(por último, o face tem efectivamente uma outra vantagem - o reencontro. pessoalmente, não tenho interesse em tal, mas reconheço que muita gente tem.)