27 janeiro 2011

in memoriam

(foto daqui)


27 de Janeiro: libertação de Auschwitz.

Hoje foi pela primeira vez convidado um representante de uma etnia cigana para falar no Parlamento Alemão a propósito desta data. Aqui podem ver o vídeo que passou no noticiário da TV. A música que ali se ouve é uma peça composta em memória dos sinti e roma assassinados: in memoriam.

A cerimónia foi iniciada pelo presidente do Parlamento, Norbert Lammert, dizendo que "nós, os descendentes, prometemos e continuamos a garantir que não esqueceremos os horrores da História, que manteremos a Memória, e saberemos usar no futuro as lições do passado. (...) As vítimas obrigam-nos a desprezar todas as formas de discriminação e intolerância, e a tomar atitudes claras contra qualquer tipo de ódio e estigmatização". Lembrou ainda que, mesmo na Alemanha, ainda há muitos sinti e roma que se sentem discriminados e estigmatizados. A ignorância sobre a cultura e o quotidiano destes povos dá lugar a preconceitos e clichés generalizados.

Zoni Weisz, holandês, sobrevivente do Holocausto e representante dos sinti e roma, tomou a palavra. Contou como em criança assistiu à deportação da sua família (Naquele momento vi partir o comboio. O meu pai gritou com desespero, de dentro da carruagem para gado: "Muzla, cuida bem do meu filho!" - foram as últimas palavras que lhe ouvi.) e exigiu mais direitos para a sua etnia: "É inaceitável que um povo que ao longo dos séculos foi vítima de discriminação e perseguição, hoje - no século XXI - ainda seja mantido à margem da sociedade e de qualquer possibilidade de ter um futuro melhor". O genocídio dos sinti e roma é um "Holocausto esquecido". Meio milhão de pessoas destes povos foram assassinados pelos nazis. "A sociedade não aprendeu nada, ou quase nada, com isso - caso contrário, tratar-nos-ia hoje com mais responsabilidade", queixa-se Weisz, e continua, dizendo que hoje em dia vivem na Europa cerca de 12 milhões de pessoas destas etnias, constituindo a maior minoria do continente. "A maior parte deles não tem qualquer oportunidade de conseguir um trabalho, acesso ao ensino e à saúde". São quotidianamente vítimas de discriminação, estigmatização e exclusão. O modo como ainda hoje sinti e roma são tratados, especialmente em países como a Roménia e a Bulgária, mas também a Itália e a França, é indigno. Lembrando placas na Hungria, onde se lê "proibido a ciganos", afirma que "a História se repete". A UE tem de falar sobre esses problemas com os países onde eles ocorrem.


(tradução Speedy Gonzalez, deste site)

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