Será que entendi bem?
O país tem andado ocupado com a questão do canudo e dos títulos do primeiro ministro?
Tenham paciência, pessoal, mas numa democracia a sério as coisas não se fazem assim.
Se querem ser oposição como deve ser, arranjem-lhe uma estagiária de lábios carnudos.
Menos que isso, é provincianismo atroz.
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Agora sei para que serviu o dinheirão que paguei por aquele pedaço de papel num tubo ridículo, depois de concluído o último dos cerca de 40 exames que fiz, conjunto que dava pelo nome de Curso de Economia.
Só não sei em que caixote de mudanças guardei essa prova incontornável de competência profissional e idoneidade moral.
Por outro lado, estou cheia de dúvidas: doravante, devo-me fazer tratar por dra. Helena ou lic. Helena?
"Oh licenciada Helena, tem o bacharel António ao telefone. Depois, a quase-professora-doutora Maria quer falar consigo. E anda-se a esquecer de responder à mestre Paula."
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Em tempos conheci uma telefonista, num organismo do Estado, que antes de passar o telefonema à Garcia perguntava assim:
"Desculpe, o senhor é doutor, engenheiro, ou não é nada?"
Por algum motivo que me escapa, Portugal não simplificou as formas de tratamento.
Mr. Blair, Frau Merkel, M. Chirac - problema nenhum.
Agora, Sr. Cavaco Silva e Sr. Sócrates...
Na vida real, Eng., Dr. e Arq. são pouco mais que pro-formas com o valor de um artigo que antecede o nome.
Terrível é ser "nada" - complica a vida a toda a gente, a começar pela telefonista.
Andamos há séculos a conviver com esta espécie de acordo ortográfico, engana-me que eu gosto, e a fazer questão de chamar "dr." ou "eng." às pessoas situadas a partir de determinado nível da hierarquia social, para de repente, sabe-se lá porquê, desatarmos a questionar o sistema, e começarmos a caça às bruxas pela pessoa do primeiro ministro.
Tenham paciência, pessoal, mas visto à distância chega a ser embaraçoso.
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