24 janeiro 2020

isto acontece 75 anos após a libertação de Auschwitz (1)


"Cerveja do Reich", à venda numa loja de bebidas em Sachsen-Anhalt.

Trago a imagem de uma página de facebok em alemão, onde encontrei o comentário que passo a traduzir:

"É perturbador assistir ao intenso esforço da extrema-direita para apresentar a sua ideologia como algo completamente normal e que faz parte da sociedade.
Fala-se muitas vezes de sociedades paralelas, de pessoas que não querem integrar-se, que não reconhecem os nossos valores.
Sim, esta sociedade paralela existe, constitui 15% dos eleitores e representa um perigo para a nossa ordem democrática liberal."

Acrescento ainda um comentário sobre os preços: aquele "88" não está ali por acaso. O H é a oitava letra do alfabeto. Dois H seguidos significa...? E 18,88? "A" é a primeira letra do alfabeto. "H" é a oitava. 18: "A H". Pois, isso mesmo.

(Texto original, na página "Steife Brise - die Wahrheit über Aalsuppe":
Es ist beunruhigend wie massiv Rechtsextreme versuchen ihre Gesinnung als etwas völlig Normales und Teil der Gesellschaft darzustellen.
Es wird oft über Parallelgesellschaften gesprochen, über Menschen die sich nicht integrieren wollen, die unsere Werte nicht anerkennen.
Ja, es gibt diese Parallelgesellschaft, sie macht 15% der Wahlberechtigten aus und stellt eine Gefahr für unsere FDGO dar.)

1 comentário:

Jaime Santos disse...

Importa lembrar que o fascismo e o nazismo não foram no final derrotados pelo voto e pela argumentação racional. Foram derrotados militarmente.

Camus, nas suas 'Cartas a um Amigo Alemão' disse que se a caneta nada pode contra a espada, a caneta unida à espada é mil vezes mais forte que a espada sozinha.

É importante recordar isto. Os fascistas não se preocupam muito com a apresentação de argumentos lógicos, porque na sua óptica, a vontade triunfa sobre a razão (a lembrar o 'onde há uma vontade, há um caminho', citado noutras bandas ideológicas, que é uma boutade tonta, há mesmo problemas sem solução).

Não, a razão triunfa no fim sobre a vontade. Nem que seja sobre ruínas, literais ou as das vidas destruídas, como a trágica história alemã mostra. Mas pode bem triunfar só sobre as ruínas, quando não sobre ninguém para o testemunhar.

Espero que tudo isto não redunde numa nova guerra. Mas, antes que isso aconteça, vale a pena lembrar que o Estado de Direito tem na sua mão instrumentos legais, na Alemanha ou em Portugal, para se necessário prender quem se presta a este tipo de selvajaria.

Antes que seja tarde...