22 maio 2012

vau

Ontem, no fim do ensaio do coro, liguei o telemóvel e vi um sms do Joachim. Estava a jantar no Vau, e convidava-me para ir ter com ele. Entre sopranos e contraltos reuniu-se logo ali um grupinho de experts, a mirar-me de alto a baixo e a decidir se podia ir com aquele vestido e aqueles sapatos jantar a um dos melhores restaurantes da cidade, estrela Michelin e tudo (ou, como diziam os franceses com quem o Joachim estava a jantar, un macaron).
- Podes ir assim, estás muito bem!, dizia uma.
- Além disso, estamos em Berlim. (ora aqui está a frase que me enche de segurança)
- Basta passares um bâton nos lábios, estás óptima.

Passei um labello nos lábios (não me dou ao trabalho de mais make-up que este) e fui.

No pátio do restaurante, num ambiente relativamente descontraído, abri o menu. Gulp. Cada entrada custava mais que o meu vestido e os sapatos juntos. De modo que estiquei as costas e fiz de conta que estava no restaurante das traseiras da minha casa, onde vou quando não me apetece cozinhar. Resulta sempre.

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Como daquela vez em que fui com uma amiga beber uma cervejinha ao Sunset Strip em Hollywood. Dado que eu não reconheceria as estrelas nem com uma etiqueta na testa (vá, com etiqueta na testa talvez reconhecesse), e a minha amiga mora lá e tem mais que fazer que perder-se em tiques de turista, decidimos passar para o outro lado. Em vez de fazer como os outros, perscrutando atentamente o povo que passa no intuito de descobrir alguma celebridade, fizemos que conta que aquilo era tudo nosso - e foi muito engraçado ver os turistas a tentar adivinhar quem seríamos, assim confiantes e desenvoltas e alheias ao público.

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