Ao longo deste período de 12 meses muito difíceis para
Israel e especialmente tenebrosos em Gaza, no meio da mentira e da propaganda
que nos fazem desconfiar de tudo e de todos, houve um momento de grande clareza: quando soldados israelitas mataram três reféns que tinham conseguido
fugir ao Hamas e corriam para os seus compatriotas, em tronco nu, com uma
bandeira branca, e a pedir ajuda em hebraico. Apesar da crueza
das imagens de cidades destruídas e do pânico das pessoas, há muito quem duvide dos
números de mortos e feridos em Gaza - mas não há como negar isto: um exército
que pressente uma ameaça justamente na pessoa daqueles que vem libertar é um
exército que não está capaz de agir com um mínimo de discernimento. O
assassinato destes três reféns deita por terra a narrativa da autodefesa dentro
dos limites do aceitável - e não sei como definir “aceitável” quando o campo de
batalha é uma região urbana densamente povoada.
Neste 7 de Outubro de 2024, quando Israel já está a repetir no Líbano os ataques
absolutamente desproporcionais contra a população civil de Gaza, e ameaça
retaliar contra o Irão, que retaliou contra um ataque de Israel no Líbano,
insisto na necessidade imperiosa de pôr fim à espiral de violência entre Israel
e os seus inimigos.
Ou, nas palavras mais certeiras do papa Francisco: pôr fim à espiral de
vingança.
A comunidade internacional tem de se unir em função de um único objectivo: a
paz. Tem de ser o adulto na sala, para negociar e/ou impor o fim da guerra a
todos os envolvidos, a imediata libertação dos reféns do Hamas e dos
palestinianos presos em Israel sem julgamento, a criação a muito breve prazo de
um estado palestiniano com as fronteiras de 1967, e o envio de capacetes azuis
para garantir a segurança e a paz na região. Uma região sem exércitos ao
serviço de extremistas, nem de um lado nem do outro.
Virá o dia em que falaremos das razões de cada um - e será um momento
fundamental para alicerçar a paz. Mas a actual berraria que pretende impor a
razão de uns contra a razão dos outros não tem outro efeito que não o de
contribuir para uma tragédia ainda maior.
Insisto: temos de nos unir para impor um sistema que garanta a paz para todos os
habitantes daquela região. A comunidade internacional já o devia ter feito na época
da primeira intifada, ou antes, ou – o mais tardar – há exactamente um ano. Tem
de ser agora.
2 comentários:
Completamente de acordo. Mas como?
Já se avançava alguns centímetros na direcção certa se, em vez de nos pormos a discutir de sofá para sofá se o Hamas é um movimento de libertação e se Israel deve ser extinto, nos uníssemos todos na rua a exigir a paz e a coexistência pacífica dos dois povos.
Mas isso não acontece nem vai acontecer. Porque quem espalha a propaganda chamada "pró-palestiniana" e manipula as emoções das populações ocidentais não quer a paz entre os dois povos, quer a extinção de Israel e a instalação de um regime islâmico na região.
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