Por estes dias tenho pensado muito em algo a que assisti há quase 20 anos: em Weimar, numa sessão com o judeu israelita Reuven Moscovitz, que escapou ao Holocausto, e, já como soldado em Israel, ao ver-se de arma na mão perante um grupo de crianças se deu conta da estupidez de tudo aquilo, e passou a trabalhar para a paz entre palestinianos e judeus israelitas.
Nessa sessão, um refugiado palestiniano residente em Weimar acusou com desespero a perseguição de que os palestinianos são vítimas. Falou do sadismo nos check-points, com ambulâncias obrigadas a esperar horas e horas, por exemplo. E perguntou: perante isto, que paz é possível?
O ambiente daquela sala ficou pesadíssimo. Subitamente, sentíamo-nos todos perante uma porta fechada a sete chaves.
E então o Reuven abriu um sorriso enorme: "olhe para mim, que sobrevivi ao Holocausto, mas perdi nele tantos familiares. Os alemães queriam exterminar o meu povo - e aqui estou eu, a chamar amigo aos alemães."
Tínhamos ido a pé até ao salão onde essa conversa decorreu. No caminho, contei-lhe que nos meus primeiros tempos em Weimar olhava sempre com uma certa desconfiança para as pessoas mais velhas, perguntando-me de que lado tinham estado no tempo em que os nazis instalaram Buchenwald junto à cidade.
O Reuven chamou-me a atenção para o perigo de pensamentos desses:
"Temos de os evitar", disse ele, "porque não nos ajudam a construir a paz".
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