23 novembro 2019

desculpa lá, ó Mozart


Amanhã vou cantar neste concerto, e já estou em feliz expectativa para ouvir a solista soprano, que sabe pôr a alma inteira - a sua alma delicada - na música que canta.

Também estou um bocado preocupada com aquela coisa de cantar a consoante do início da palavra antes do pulso ainda me baralha um bocado (o nosso maestro que não saiba disto!).

Hoje, no duche, descobri que já sei a fuga do Kyrie quase toda de cor. Quase toda. O problema é que me escapa a passagem para o movimento final, que é diferente, e pareço um disco riscado a repetir sempre e sempre a mesma frase. Desisti ao fim de inúmeras voltas, e agora estou a pensar quanto é que este Kyrie me vai custar na conta da luz no fim do mês.
Lux aeterna, aeterna, aeteeeeeerna...

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Agora, a sério: chegar mais perto de Mozart nota a nota e frase a frase, e sentir o seu génio a tentar traduzir-se pelas minhas cordas vocais, foi das melhores coisas que me aconteceram este ano. Ainda estou muito longe de tocar a verdade de Mozart, mas sinto-me grata por este encontro entre a beleza da sua música e a  minha incompletude. Apesar da minha incompletude. 

1 comentário:

Catarina disse...

A sua dedicação é de louvar.
: )