É preciso pontaria: um amigo festeja o seu 60• aniversário justamente no coração da terrível vaga de calor que este fim-de-semana se vai abater sobre a Alemanha. E lá vamos nós atravessar de comboio os 600 km entre os quase confortáveis 30 graus de Berlim e o inferno. Passei a manhã a brincar ao dilúvio na horta. Vou da água para o fogo, só me falta ouvir os anjos do fim-do-mundo. Encontro sinais: na nossa carruagem vem um polícia a ler um livro de Jürgen Todenhöfer, „A Grande Hipocrisia - como a política e os media traem os nossos valores“. Este Todenhöfer era um grande adepto da militarização no tempo da Guerra Fria, mas foi ao Iraque antes de este ser invadido pelo ocidente e fez lá amizades tão fundas que sente as dores desse povo, dos povos dessa região, como se fossem suas. O que o polícia da minha carruagem vai a ler é um apelo a que o ocidente deixe de chamar humanitárias às guerras que faz por interesses geo-estratégicos, ou económicos, ou políticos, e trate os outros países com o mesmo respeito com que gosta de ser tratado.
Um polícia humanista, portanto, e logo agora , quando se fala tanto da infiltração da extrema-direita nos corpos policiais.
Dou comigo a acrescentar uma frase ao Imagine de Lennon:
Imagine que „polícia humanista“ é um pleonasmo....
O meu companheiro de viagem parece ser um desses. E sinto-me mais perto do fim de um mundo feito de violência e cupidez.
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