Em Portugal, logo após aquelas eleições épicas em que um milhão de portugueses escolheu o partido do "falso amigo", ouvi uma senhora a dizer que o nosso país está cada vez mais inseguro, e que "andam por aí bandos de estrangeiros a raptar adolescentes para exigir resgate". Ela disse a nacionalidade das pessoas desses bandos, mas não me lembro - e, de facto, não é importante, porque é mentira (mais uma dessas mentiras que viralizaram nas redes sociais para levar as pessoas a votar no partido anti-imigrantes e pró-securitarismos).
Lembrei-me disso ao ouvir o Trump dizer que há estrangeiros a comer os cães e os gatos dos vizinhos.
A lógica por detrás destes boatos - que pessoas sem qualquer sentido de decência põem a correr - é muito transparente: vamos identificar um inimigo do tipo "os outros", vamos inventar que nos ameaça, e vamos inventar ameaças que nos atinjam directamente e despertem o nosso instinto de protecção: os nossos filhos, os nossos animais domésticos.
Já fizeram isso no Brasil, com excelente resultado: lembram-se quando puseram a correr o boato que o PT queria dar biberons aos bebés com forma de pénis? ("acudam, que o lobby gay que quer perverter os meus filhinhos!") O pessoal acreditou, e votou Bolsonaro.
As pessoas acreditam.
Desde que a terra se tornou plana, o mundo nunca mais foi o mesmo.
Bem vinda de volta ao nosso convívio tão ausente estiveste desde aqueles tempos em que apoiávamos a candidatura do Clooney!! Pensei que andasses a recolher votos!
ResponderEliminarMas vejo que mudaste e estás contente com a atual candidata. Eu estou!
Como é que alguém ainda apoia outros é que me é mistério.
Olá Lucy,
ResponderEliminarestou a ficar cada vez mais só pelo facebook...
Desculpa!
Afinal, gosto mais da ideia da Kamala que da do Clooney. Aquilo era mais o desespero a fazer-me falar.
E sim: como é que ainda há quem apoie "outros" é um mistério. Mas também não entendi que ao fim do seu mandato (primeiro e, espero, único) metade dos eleitores o escolhessem na mesma. Milhões e milhões e milhões de pessoas. Não dá para entender.