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24 maio 2024

e se?


Ainda a propósito de Aguiar-Branco entender que, por respeito à liberdade de expressão dos deputados portugueses, não deve intervir quando algum deles insulta tudo e todos (à excepção dos presentes no hemiciclo): e se Dijsselbloem viesse dizer outra vez que os países do sul não podem andar a gastar o dinheiro em vinho e mulheres e depois ir pedir ajuda - protestávamos, como o Costa e o Santos Silva fizeram no tempo em que eram eles quem assumia a responsabilidade de proteger o bom nome de Portugal, ou também aceitávamos que não devemos impor ao presidente do Eurogrupo "a ditadura do politicamente correcto", e que temos de respeitar a sua liberdade de expressão?

E se de hoje para amanhã no Parlamento francês, no alemão, no suíço ou no luxemburguês, algum deputado deixar escapar, pelo meio do seu discurso, que "até os portugueses, que não são propriamente conhecidos pela sua honestidade..." - ninguém protesta, certo? Porque estamos obrigados a respeitar a sua liberdade de expressão...

(A resposta é: errado. Pelo menos no que diz respeito ao parlamento alemão, caía o Carmo e a Trindade. Aquele maldito artigo 1º da Constituição alemã, sobre a inviolabilidade da dignidade humana, aquelas baboseiras sobre a dignidade da instituição e sobre o papel de modelo para a sociedade que os deputados também têm de desempenhar, ai, uma canseira...)


2 comentários:

  1. E se...

    Foi num parlamento ou foram declarações públicas apenas? Cortaram-lhe a palavra ou não?

    E se no Bundestag um deputado, digamos, da AfD disser que somos sornas (com o que, aliás, concordo) vamos protestar?
    Diria que se quisermos ser zelotas, com o holandês sim - é governo. Com o deputado não, é apenas um deputado, não representa a posição do governo nem do parlamento no seu todo.

    Pelo seu pensamento o parlamento passava a ficar condicionado, ou seja, não era livre. Um deputado é contra o casamento homossexual? Calá-lo, discrimina. Nega direitos a trans? Calá-lo, incita ao ódio. É contra as alterações climáticas? Calá-lo, é negacionista. Diz que a Rússia tem razão? Calá-lo, defende guerras de agressão. Lindo...melhor só na Duma russa.

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  2. Albino Manuel,

    Se afirma que os portugueses são sornas, deve estar a falar de si e dos seus amigos. Confesso que essa sua afirmação me supreendeu, mas deve ser um problema da minha bolha.

    Se um deputado alemão dissesse no Bundestag que os portugueses são sornas, levava uma repreensão do presidente. Isso não tem dúvida. E ainda bem, porque não é correcto generalizar de si e dos seus amigos para todo o povo português.

    Quanto ao mais: alguém tirou a palavra à Sahra Wagenknecht quando ela defendeu a Rússia? Alguém mandou calar os deputados que eram contra a lei da violência sexual no casamento? Alguém impediu algum deputado de dizer o que entendia contra o casamento de pessoas do mesmo sexo?

    O Albino Manuel não sabe do que está a falar, ou está a fazer-se propositadamente de sonso no meu espaço de comentários?

    Quanto a "ser contra as alterações climáticas": reparou no que escreveu?

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