(fonte: wikipedia - aqui com mais detalhes)
Ainda não perdi a esperança em mim própria de partilhar aqui algumas imagens e peripécias das nossas férias na África do Sul, vai já há meio ano (bem, e de caminho terminar a série EUA 2009, e mais a da Bolívia, e mais a da Costa Rica...). Lembrei-me de novo dessa viagem por causa de um artigo que li hoje sobre comboios nocturnos. É que nós fomos de Joanesburgo para Cape Town no comboio turístico, em vez de avião, e foi uma viagem que mais se podia chamar uma paragem: uma infinita sucessão de paragens. Mas dou-lhe um grande desconto, por causa da noite e daquele dormir embalado pela regularidade do movimento e dos ruídos. E também do sossego das horas passadas a ler.
Viajar de comboio é um tema cada vez mais presente. Mais que tema, realidade: ultimamente ouço de vários amigos que foram de Berlim a Portugal de comboio. De modo que também eu - por causa da Greta Thunberg e de gostar realmente daquele dormir no embalo do comboio - estou a pôr a hipótese de viajar entre a Alemanha e Portugal num comboio nocturno. E hoje, ao ler uma entrevista a um rapaz que até tem um blogue (aqui, em alemão) sobre o assunto, este projecto ganhou ainda mais força.
Dizia ele que as pessoas que viajam de comboio são excelentes companheiras de viagem, e que só por causa das conversas já vale a pena ir de comboio nocturno (e eu a fazer contas de cabeça: quando foi a última vez que me lembrei de trocar meia frase sequer com a pessoa ao meu lado no avião da Ryan Air?). E que a comida no vagão-restaurante dos comboios checos é qualquer coisa - mas isso já eu sabia: se for para ir de comboio de Berlim até ao Báltico, ou até Praga, há que escolher uma ligação com comboios checos. Ah, e se for de Berlim para Praga, arranjar um lugar do lado esquerdo, por causa da Sächsische Schweiz. Quem avisa...
A companhia, dizia ele. E depois descreveu as suas rotas favoritas:
- Berlim-Budapeste. Acordar às 7 da manhã e ver a paisagem do Danúbio.
- Estocolmo-Narvik - por causa das Lofoten e da última etapa da viagem, que é a descida das montanhas até ao nível do mar (melhor ainda: na época mais clara do ano).
- Helsínquia-Kolari no Aurora-Borealis-Express.
- Milão-Sicília (oh, e eu que quero tanto ir à Sicília!). Paisagem belíssima, e na última etapa o comboio vai de ferry.
- Viena-Kiev, passando por Lemberg.
(Ai! Agarrem-me que eu estava a pensar ir a Portugal de comboio, mas se calhar vou-me perder um bocadinho em todas as outras direcções!)
Conselhos práticos:
1. Para quem vive na Alemanha (não sei como será para outros países) - ver os horários no site da DB (Deutsche Bahn) mas comprar os bilhetes nos sites das companhias nacionais de comboios, porque o da DB é demasiado complicado.
2. Comprar os bilhetes com muita antecedência - 3 ou até 6 meses, se possível.
3. Para quem pretende fazer várias viagens: comparar com o preço do interrail.
Sites importantes:
The man in seat 61...Interrail
Livro: Europe by Rail
Olá Helena,
ResponderEliminarConcordo com o seu amigo que diz que as pessoas que viajam de comboiio são excelentes companheiras de viagem e é verdade que há conversas interessantes principalmente no comboio noturno, mas também nos outros.
Eu tenho feito a viagem entre Lisboa e Amesterdão de comboio. Demora umas 25 horas, 14 das quais no comboio noturno. Tem as suas desvantagens, sendo a maior delas o preço: é muitíssimo mais caro do que ir de avião, principalmente se compararmos com a Ryanair (embora para mim esta companhia tenha deixado de ser opção), mas tem imensas vantagens, das quais a que o seu amigo refere é talvez uma das maiores, a seguir à óbvia: poluir menos o planeta. Outra vantagem é a tranquilidade, a magia de atravessar os países e ir vivendo, de alguma forma, o seu pulsar. E depois, ter de superar os desafios dos atrasos e das perdas de ligações. Mas também aqui há vantagens: postos perante estes desafios, mantemo-nos mais alerta, ajudamos outras pessoas, somos ajudados, aprende-se bastante, até parece que se vive mais. :-)
Eu gostaria imenso de fazer uma viagem de comboio pelo Canadá. Só que ainda não tive ninguém que me quisesse acompanhar. Preferem o avião!! As viagens de comboio ainda são caras, alguns percursos são mais caros do que por via aérea. Mas quando se vê fotografias dessas belíssimas paisagens, o $$ deixa de ser ... momentaneamente... algo a considerar.
ResponderEliminarO país é enorme e há tanto para ver!
A última vez que andei de comboio foi de Paris para Nantes. Adorei!! Muito espaço, podemos andar, falar com quem quer que esteja ao nosso lado ou em frente, trocar ideias, experiências, enquanto olhamos pela janela. : )
Olá Susana,
ResponderEliminarsó um detalhe: não é meu amigo, é uma entrevista que li. :)
Se os transportes tivessem o preço correspondente ao que poluem, o avião deixava de ser opção.
Já há muitos anos um amigo português comentou comigo que nas férias preferia ir de carro para Portugal, para ter tempo de deixar o trabalho na Alemanha para trás e preparar-se gradualmente para reentrar no seu país.
O problema de ir de carro para Portugal é, além da poluição, os dois dias de regresso. O caminho para as férias bem se faz, o regresso é que é complicado...
O comboio parece ser realmente a melhor solução. Excepto o preço.
Catarina,
ResponderEliminaressa viagem de comboio pelo Canadá deve ser uma maravilha!
Obrigada pela partilha no blog. Quando vivi na Suiça, existiam vários comboios nocturnos que faziam ligação entre o Sul da Suiça e Florença, Bologna, Roma, Veneza. Era espectacular, tinham preços bastante acessiveis (na altura, agora está bem mais caro), com carruagens cama, e ainda nos davam pequeno almoço à chegada a Itália e no regresso à Suiça. Ia dizer que tenho pena de não termos isso, mas agora lembrei-me que ainda há comboios que fazem ligação nocturna até à fronteira entre Espanha e França...
ResponderEliminarA Áustria está a investir em grande em comboios nocturnos. Penso (tenho esperança) que isto vai voltar a ser prática corrente.
ResponderEliminarPela minha parte, estou cada vez mais disposta a trocar o avião pelo comboio. E a trocar as viagens intercontinentais por longas viagens de comboio por regiões da Europa que não conheço.