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25 agosto 2019

o regresso dos Filarmónicos à minha vida



Há muito tempo que não falo da Filarmonia, e até aposto que sentiram muito a falta... (not)

Primeiro e mais importante, foi a saída do Simon Rattle, "meu único e grande amor" (como dizia o outro) (antes de anunciar: "casei-me"), que me entristeceu. Tenho-o visto em concertos e óperas, mas a sua saída da Filarmonia arrumou comigo (suspeito que também ele esteja triste por ter sido atropelado pelo Brexit quando já se tinha feito ao caminho para Londres). Por outro lado, ali por Maio e Junho andei a ver óperas e outros concertos como se não houvesse amanhã, de tal maneira que nem tempo tive para contar. E depois os filarmónicos foram de férias, e mais uma coisa e outra...

Voltaram ontem. Com um concerto gratuito em frente à Porta de Brandeburgo para apresentar o seu novo maestro. Trinta e cinco mil pessoas (e muitas ficaram a ouvir do lado de fora, porque já não as deixaram entrar) para ver o maestro Kirill Petrenko a dirigir a Nona de Beethoven. Gostei da escolha, de ouvir o Hino da Europa em frente à Brandenburger Tor, de ver no público uma senhora de oitenta anos a murmurar o texto de cor.
Nem tentarei usar adjectivos, porque me falta um adequado para tanto.

Foi o meu segundo concerto com Petrenko. Há tempos já o tinha visto com um programa de Bartok e Tchaikowsky na Filarmonia, e saí do concerto a pensar que ele tem muito para me fazer feliz.
Ontem, de pé, a saborear o concerto juntamente com uma multidão de berlinenses e turistas em silêncio concentrado, confirmei a sensação: vêm-me por aí muitos momentos sublimes na Filarmonia. E quero saboreá-los nos bancos por trás da orquestra, quero ver a doçura dos olhos do maestro, aquela sua maneira única de sorrir calmamente aos músicos no meio da maior tempestade, quero ver mais vezes aqueles momentos em que balança os braços como um pássaro a levantar voo.

(Se o Simon Rattle souber que me bastaram dois concertos para deixar de lhe ser fiel, digam-lhe que não há amor como o primeiro, e que uma pessoa precisa de ter estratégias de sobrevivência, e além disso estamos no século XXI, agora o que está na moda é o poliamor e não aquelas antiguidades de ficar uma mulher a tecer e a desfazer enquanto o amado se mete em anos e anos de errância e aventuras. Ah, e digam-lhe também que até agora não falhei um único concerto dos que veio dar a Berlim.)

(E se já estamos em maré de dar recados, digam ao operador da câmara e ao realizador da transmissão que num concerto, e mais ainda num concerto que tem por objectivo apresentar ao mundo o novo maestro da orquestra, não se pode perder o momento inicial, aquele em que o maestro estabelece com a orquestra o elo que que os unirá por toda a peça. Por muito bonitos que sejam os violinistas, naquele momento decisivo de conexão inicial a câmara tem de se fixar no maestro, tal e qual como cada um dos músicos o faz.)

(Bem, e já agora também podiam espalhar por aí: não se aplaude entre andamentos, e muito menos a meio de um deles. Se não conhecem uma peça e não sabem quando chegou ao fim, o melhor é esperar para ver se o maestro cumprimenta o primeiro violino e se vira para o público. Normalmente é um sinal seguro de que a peça acabou mesmo.) (Ou, o mais tardar, quando os músicos começam a abandonar a sala.)

ADENDA: Copio a informação de um amigo: "Só aplaudiram no meio do andamento porque uns fulanos, que estavam em pé num mar de pessoas sentadas no chão finalmente cederam face aos protestos ("estão a tapar-nos a vista!") e se sentaram também."





Se quiserem ver imagens da concorrência (blinc blinc) espreitem aqui.

1 comentário:

  1. Há muito tempo que não falo da Filarmonia, e até aposto que sentiram muito a falta (YES)

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