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12 junho 2019

já que na "minha bolha" andam todos a falar do discurso do João Miguel Tavares no 10 de Junho...

A Helena Ferro de Gouveia andou a perguntar às pessoas com quem se cruzou na vida real o que pensam do discurso do João Miguel Tavares, e ninguém sabia do que é que ela estava a falar. Pelo que concluiu que estas coisas só acontecem na "bolha". Conclusão que me parece precipitada, porque ainda é preciso saber o que responderiam as mesmas pessoas à pergunta "e que lhe parece o discurso do presidente da República?". Estava capaz de apostar que a resposta delas seria: "que discurso?"
Talvez a conclusão certa seja: as pessoas que se interessam e se informam sobre o que acontece no país encontraram na "bolha" - na minha, pelo menos - um espaço de debate que vai bastante além da conversa de café.

Conversa de café foi, em minha opinião, o que o João Miguel Tavares fez no 10 de Junho. Um café melhorado, com pau de canela para misturar o açúcar, mas o café do costume: uma visão pessimista e ressentida, estrategicamente enviesada para permitir justificar o populismo.

Vejamos:

I.
"Os portugueses lutaram pela liberdade em 1974. Lutaram pela democracia em 1975. Lutaram pela integração na Comunidade Europeia nos anos 80. Lutaram pela entrada na moeda única durante a década de 90.
Não é fácil saber porque é que estamos a lutar hoje em dia."
Conversa de café, chavão 1 - dantes é que era bom, agora está tudo uma desgraça.

Sinceramente, não me dei conta de os portugueses terem lutado pela integração na CEE, nem pela entrada na moeda única. Os políticos decidiram, a coisa fez-se, e nos primeiros tempos foi o festim do costume na nossa longa tradição de enriquecimentos tão pontuais quanto exógenos: depois de ciclos como o das especiarias, do comércio de escravos, do ouro e da prata do Brasil ou, já no século XX, das remessas de emigrantes, vieram primeiro os dinheiros do FEDER e dos outros fundos europeus, e a seguir os empréstimos obtidos facilmente por estarmos na moeda comum. As lutas que o João Miguel Tavares considera positivas e esteios da esperança dos portugueses foram uma fase de decisões políticas (1), digamos, precipitadas, com as consequências desastrosas que hoje sofremos, e foram um regabofe épico para quem pôde (lembram-se de quando chamávamos IFADAP aos Jeep caros?).

Não compreendo porque é que João Miguel Tavares diz que falta agora aos portugueses "um objectivo claro para as suas vidas e um caminho para trilhar na sociedade portuguesa", e que "não é fácil saber porque é que estamos a lutar hoje em dia". Só um olhar profundamente enviesado consegue ignorar os nossos filhos a fazer manifestações para exigir - implorar! - que ponhamos fim à destruição do planeta. Os desafios estão aí, mais prementes que nunca: reconversão energética, reestruturação económica tendo em conta que a proximidade geográfica é de novo um factor importante,  aproveitamento dos potenciais da nossa extensa costa marítima, redução da poluição, redução do risco de incêndio nas áreas florestais num contexto de condições climáticas cada vez mais extremas, aposta nas ligações ferroviárias. Mais ainda: o desafio da digitalização, para o qual os portugueses têm reconhecidas competências. Muito importante também: o desafio de continuar a defender os Direitos Humanos no actual contexto de aproveitamento oportunista e generalizado dos impulsos xenófobos para conquistar poder político - e no qual Portugal tem conseguido manter um lugar de honrosa excepção, o que muito nos deve orgulhar.  

(Pequeno aparte: energias alternativas, aposta na ligação ferroviária internacional e digitalização eram as visões de Sócrates para o país, e tempos houve em que muitos portugueses acreditaram que essas eram lutas que mereciam ser travadas. Mas João Miguel Tavares adora reduzir esse político aos seus piores defeitos (que os tem, sem dúvida), usando largamente o palco que tem e o respectivo poder para condicionar o olhar dos portugueses para o ressentimento e o derrotismo, em vez de os ajudar a separar sabiamente o trigo do joio.)

II.

"Boa parte de nós, talvez julgue mesmo que a política é somente um cenário longínquo, distante da vida que nos importa, que é aquela que está mais próxima de nós. Daí o chamado “desinteresse pela política”. Mas creio que este sentimento é já uma consequência dos nossos próprios fracassos."

Que fracassos são esses?


"Ficámos a um passo da bancarrota. Três vezes – três vezes já – tivemos de pedir auxílio externo em 45 anos de democracia. É demasiado."
Convinha reler o ponto I do discurso, na parte sobre a vida dos portugueses ter melhorado imenso no espaço de uma geração, e consultar alguns dados do Pordata sobre mortalidade infantil, escolaridade, acesso ao ensino superior, esperança média de vida, etc., para concluir o óbvio: a extraordinária mudança para melhor em tantos indicadores da qualidade de vida dos portugueses custou dinheiro - muito dinheiro. Além disso, um desses três pedidos foi em grande parte consequência daquele "maravilhoso" desafio da moeda única (ver ponto I), pelo qual alegadamente tanto lutamos naquele tempo mítico em que sabíamos o que queríamos e por que lutávamos...

Logo a seguir, dá-se um curto-circuito no discurso: parece que os três pedidos de auxílio externo foram directamente canalizados para a corrupção. Já as estradas, os hospitais  e o SNS, o alargamento da escolaridade obrigatória, as universidades e até os concertos nas regiões do interior devem ter caído do céu sem passar pelo erário público...

Ou seja: conversa de café, chavão 2 - eles não fazem nada, e são todos uns corruptos.

Da corrupção passamos à questão do mérito versus cunha:
"O sonho de amanhã ser-se mais do que se é hoje vai-se desvanecendo, porque cada família, cada pai, cada adolescente, convence-se de que o jogo está viciado. Que não é pelo talento e pelo trabalho que se ascende na vida. Que o mérito não chega. Que é preciso conhecer as pessoas certas. Que é preciso ter os amigos certos. Que é preciso nascer na família certa. (...) No nosso país instalou-se esta convicção perigosa: um jovem talentoso que queira singrar na carreira exclusivamente através do seu mérito, a melhor solução que tem ao seu alcance é emigrar. Isto é uma tragédia portuguesa."
João Miguel Tavares fala deste fenómeno como se fosse um problema apenas de hoje, e como se fosse apenas uma questão portuguesa. Nada disso: o movimento de êxodo rural que levou a geração dos meus pais do interior para o litoral deu agora lugar à internacionalização num contexto de liberdade de movimentos no espaço europeu. O novo "litoral" dos portugueses são as regiões mais dinâmicas e apelativas da União Europeia. E nem sequer vão para mais longe do que foram os nossos pais: eu demoro menos tempo a ir de Berlim a Lisboa do que muitas vezes demorava aos meus pais a ir de Braga ao Porto. 
Esta situação não é propriamente uma tragédia, e muito menos uma tragédia portuguesa. O mérito, hoje em dia, tem uma forte componente de internacionalização. As melhores carreiras, ou as carreiras dos jovens com mais capacidades - sejam eles portugueses, alemães ou húngaros - passam quase sempre por experiências profissionais no estrangeiro. E nunca foi tão fácil para os portugueses conseguir singrar fora dessa anomalia serôdia que são as cunhas e as "boas famílias".  

"A falta de esperança e a desigualdade de oportunidades podem dar origem a uma geração de adultos desencantados, incapazes de acreditar num país meritocrático."
Provavelmente João Miguel Tavares não se deu conta de que as consequências terríveis da crise do euro começam a ser revertidas, e que a desigualdade social se tem vindo a reduzir nos últimos três anos. Também não deve ter reparado que a Europa começa a olhar para o Euro como um problema com consequências fatais para as economias mais frágeis, problema esse que tem de ser resolvido. Afinal de contas, numa conversa de café nada disso importa realmente. O que interessa é arranjar uma desculpa qualquer para meter o chavão 3 das conversas de café (e até já estava a demorar): "nós", o bom povo, e "eles", os políticos que são uns estes e uns aqueles.

João Miguel Tavares remata, lapidar:
"Entre o “nós” e o “eles” há uma distância atlântica, com raríssimas pontes pelo meio.
“Eles” não têm nada a ver connosco. “Nós” não temos nada a ver com eles."

Assim sem pensar muito, ocorre-me a proximidade do omnipresente presidente da República, ou a lei para impedir despejos da habitação familiar por dívidas ao fisco que já salvou tantas famílias da desgraça, ou os esforços para preparar a polícia para saber lidar melhor com as queixas de violência doméstica, ou a enorme dificuldade do governo em fazer uma política eficiente de segurança florestal sem ofender os donos dos terrenos que estão ao abandono, ou as manifestações de tantos alunos contra o aquecimento climático, ou a preocupação do ministério da Educação com o bullying contra os alunos queer (preocupação essa que tantos portugueses criticam, acusando o ministério de ter uma "agenda gay"). A lista é interminável, e reflecte políticos que estão a dar o seu melhor para melhorar a vida dos portugueses, e que são diariamente confrontados com críticas por parte de pessoas que se sentem atingidas nos seus interesses ou ideologias. "Distância atlântica"?! Os jornais e as redes sociais mostram diariamente os pontos de contacto e fricção entre uns e outros.

Das duas, uma: ou João Miguel Tavares é um populista, e conduziu o seu discurso de modo a poder justificar o que pensa, ou escolheu descrever o país pelo olhar enviesado do populismo de modo a poder explicá-lo, mas esqueceu-se de sublinhar o aspecto patológico do fenómeno. Seja como for, este discurso banaliza a lógica populista e coloca-a no centro do Dia de Portugal. O que é lamentável.



III.

O discurso chega agora a uma questão central num discurso do Dia de Portugal: quem somos, de onde vimos?

Começa pelo lugar-comum ("Partilhamos uma língua, um país com uma estabilidade de séculos, sem divisões") e depois descarrila: "e é uma pena que por vezes pareçamos cansados de nós próprios. Tivemos História a mais; agora temos História a menos. Passámos da exaltação heróica e primária do nosso passado, no tempo do Estado Novo, para acabarmos com receio de usar a palavra “Descobrimentos”. Simplificamos a História de forma infantil." Cansados de nós próprios?! História a menos?! Onde está o cansaço e a fuga à História quando tentamos passar "da exaltação heróica e primária do nosso passado, no tempo do Estado Novo," para um trabalho sério de confronto com os termos que usamos e a carga ideológica que transportam? O trabalho do historiador da História de Portugal liberta-se das amarras nacionalistas e torna-se muito mais complexo. A pouco e pouco a herança ideológica salazarista vai saindo das nossas cabeças, e olhamos para a História com um olhar que está a ser desinstalado pelas exigências do século XXI. O que é, já agora, mais um interessante desafio para os portugueses (os tais que, a acreditar no que se diz no princípio deste discurso, de momento não sabem de nada por que valha a pena lutar). 

IV.

E para onde vamos?

Começo pelo que é realmente positivo, e escapa à lógica da conversa de café: um país com espaço para todos, que tem de dar a todos um forte sentimento de pertença, e que se enriquece pelo contributo de cada um de nós. Muito bem.

Só é pena que pelo meio o pé lhe escorregue para a infantilização dos portugueses: "A política não falha apenas quando conduz o país à bancarrota. A política falha quando deixa o país sem rumo e permite que se quebre a aliança entre o indivíduo e o cidadão.
Aquilo que melhor distingue as pessoas não é serem de esquerda ou de direita, mas a firmeza do seu carácter e a força dos seus princípios. Aquilo que se pede aos políticos, sejam eles de esquerda ou de direita, é que nos dêem alguma coisa em que acreditar. Que alimentem um sentimento comum de pertença. Que ofereçam um objectivo claro à comunidade que lideram.
Nós precisamos de sentir que contamos para alguma coisa. (Além de pagar impostos.)"

O João Miguel Tavares que me perdoe, mas já muito fazem os políticos. "Dar alguma coisa em que acreditar" é tarefa de padres. "Alimentar um sentimento comum de pertença" quando as sociedades estão cada vez mais entrincheiradas é pedir o impossível a um político - a não ser que queiramos ter um ditador, juntamente com a sua máquina de propaganda e perseguição policial que têm o milagroso dom de homogeneizar a sociedade.

Este é o tempo em que os cidadãos europeus se podem unir e dirigir directamente ao Parlamento da União para exigir mudanças. Este é o tempo da Greta Thunberg, este é o tempo de um jornalista suíço que se cansou de alertar para o problema do aquecimento climático e do desaparecimento acelerado dos glaciares alpinos e está a juntar assinaturas para obrigar a Suíça a acabar com as emissões de dióxido de carbono até 2050. Este é o tempo dos jovens berlinenses que compraram um barco para salvar refugiados no Mediterrâneo. Este é o tempo dos activistas que há dias tentaram impedir um cruzeiro turístico de partir em viagem.

Este é o tempo da cidadania. Uma Democracia madura faz-se com o contributo de todos, com o entusiasmo de todos. E quem, como João Miguel Tavares, ganha a sua vida a dar opiniões no espaço público, tem a responsabilidade acrescida de sugerir caminhos, em vez de ir pagando as suas contas com textos que insistem obsessivamente no copo meio vazio e contribuem para a ascensão do populismo em Portugal.
Em vez de fazer um discurso que transforma Portugal num enorme infantário e exige aos políticos que assumam o papel de paizinhos.

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ADENDA:
(1) Refiro-me em particular às decisões relativas aos sectores da Agricultura e das Pescas, e aos termos em que foi feita a adesão à moeda única.


30 comentários:

  1. Muti bem, Helena! Fez uma desmontagem brilhante do discurso medíocre, retrógrado, pobrezinho do João Miguel Tavares que, de acordo com o enquadramento que ele faz, tudo leva a crer que tenha estado, e continue a estar, com as pessoas certas nos sítios certos. Daí, a sua visão estreita da política. Lamentável.
    Albertina Palma

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  2. Xissa!
    Mas que bem escrito e magnificamente analisado!
    Os meus sinceros Parabéns

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  3. Helena era tão bom que fosses tu a ter uma coluna no Público!

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  4. Obrigada Helena, cansada do balofo

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  5. Concordo e discordo (muito) do que disse o João Miguel Tavares e concordo e discordo (muito) do que disse a Helena Araújo. E não pude deixar de reparar na obsessão desta com o «aquecimento global». Supondo que há «aquecimento global», saberá a Helena porque é que este acontece? Saberá ela que que os oceanos, mares, lagos e rios são responsáveis por 90% de todo o calor que emana do Sol e é capturado pela Terra? Saberá ela que o Vapor de Água representa 95% dos gases com efeito de estufa? E que o Dióxido de Carbono Antropogénico representa apenas 0,12%? Saberá ela que as lágrimas da Greta Thunberg são tão falsas como os discursos de Sócrates ou de Passos Coelho?

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    1. A velocidade de mudança de temperatura da Terra é a mais rápida dos últimos 10 000 anos e embora os ecossistemas se adaptem a mudanças lentas de clima, mudanças muito rápidas podem ter efeitos prejudiciais em muitos desses ecossistemas. Desde 1750, a concentração de CO2 aumentou cerca de 30% e a de metano mais do que o dobro, estando no seu nível mais alto em 160 000 anos. Estudos em bolsas de ar em gelo no centro da Antártica evidenciam que as mudanças nas concentrações de CO2 e CH4, durante os últimos 160 000 anos se correlacionam bem com as mudanças de temperatura na superfície da Terra.

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  6. As perspectivas miserabilistas são só por si reacionárias num País livre.
    Uma coisa é a defesa de valores e o apontar o dedo aos desvios que sempre foram salutares. Outra coisa é, num discurso de Estado com o simbolismo e carga emocional intrínsecos ao 10 de Junho, eleger o derrotismo como o mote para a sobrelevação nacional.
    Os apelos radicais e as exaltações dos pseudo-impolutos revelam sempre uma perigosa predisposição para o populismo e o totalitarismo.
    Parabéns à desmontagem criteriosa feita pela autora deste excelente texto político fundamentado e realista.

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  7. Obrigada a todos. :)

    João Ribeiro, isso mesmo: eleger o derrotismo como o mote para a sobrelevação nacional.

    Diogo, está a brincar, não está?

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  8. Não, Helena, não estou.

    Como é que está esse inglês? Trago-lhe aqui uma interessantíssima palestra de Steve Goreham sobre o dogma do «aquecimento global» e a fraude das energias renováveis.

    Veja os primeiros 10 minutos e vai ver que não consegue resistir em ver o vídeo até ao fim:

    https://www.youtube.com/watch?v=mtHreJbr2WM

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  9. Também tenho para troca:
    http://solar-center.stanford.edu/sun-on-earth/glob-warm.html

    Já agora, Diogo, diga que mudanças tão intensas foram essas que ocorreram nos oceanos e nos rios que estão a provocar as alterações climáticas. E porque é que havendo uma correlação muito clara (vê-se bem num dos gráficos do site de Stanford) entre as alterações climáticas e a emissão de gases de efeito de estufa, o Diogo prefere escolhe acreditar que podemos continuar a viver como até agora, porque o problema não é causado pelo nosso estilo de vida.

    Finalmente: tem filhos? Já sabe o que lhes vai dizer quando isto tudo rebentar e lhes destruir a vida deles?
    "Ah, desculpa, enganei-me um bocadinho..."

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  10. Só mais uma questão, Diogo: sabe quem pagou para fazerem esse vídeo que tanto recomenda?
    Heartland Institute. Sabe quem são e o que pretendem?

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  11. Helena, já percebi que não viu o vídeo que lhe enviei. É pena porque tenho a certeza de que iria gostar.

    Falei-lhe nos oceanos, mares, lagos e rios e no facto destes absorverem 90% de toda a radiação vinda do sol, para que se tenha uma noção de quão ínfima é a influência do CO2. É deles que provém quase todo o Vapor de Água (95% dos gases do efeito de estufa). São as suas correntes que levam calor e estabilizam a temperatura de muitas partes continentais. São as suas oscilações térmicas que fazem alterar as temperaturas por períodos mais longos. São as massas de ar quentes ou frias, por influência dos oceanos, que vão influenciar os climas, etc.

    O Dióxido de Carbono Antropogenético (0,032 da atmosfera) não tem influência nenhuma no clima. A temperatura subiu 0,6º nos últimos 200 anos porque saímos da Pequena Idade do Gelo (que durou 500 anos). E antes dela, estivemos no Período Óptimo Medieval com temperaturas superiores às actuais:

    https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwjPxOrW1-TiAhVBExoKHUIsBAMQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Fwww.atmo.arizona.edu%2Fstudents%2Fcourselinks%2Ffall16%2Fatmo336s2%2Flectures%2Fsec5%2Fholocene.html&psig=AOvVaw2-AgJ4SREGRjx2cFZi15sk&ust=1560454292292618

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  12. K pessoa tonta essa Helena... nem vale a pena faZer grandes comentários...

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  13. Bem, tenho de perguntar aí ao Diogo se compreende o papel que a vegetação, nomeadamente as árvores tem no ciclo da água - da atmosfera? Naturalmente que a continuação de destruição de florestas que absorvem o CO2 (que concordo que não é o pior per si mas o que está demasiado acima da quantidade desejável) tem impactos no meio ambiente... Escolher fechar os olhos as alterações climáticas, ou simplesmente encolher os ombros e atribuir a uma causa divina em vez de ouvir os cientistas que sabem o que fazem que dizem que é impacto do Homem, é algo digno do século XI ou XII.
    Mas ainda assim vamos lá fazer um pequeno exercício: digamos que não há alterações climáticas e fazemos as mudanças na nossa vida necessária para as prevenir (por exemplo transição para renováveis, redução da utilização de plásticos e outros elementos nocivos ao ambiente, reduzimos a utilização de energia, poupamos água etc. O que é que perdemos com isso? Por outro lado qual o resultado de não fazer nada e na realidade haver as ditas alterações? Acho que não percebo a inação nestas circunstâncias. O custo da alteração é afinal caro para quem?...

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  14. Como disse, "período óptimo medieval com temperaturas superiores às actuais"?
    https://en.wikipedia.org/wiki/Temperature_record_of_the_past_1000_years#/media/File:2000_Year_Temperature_Comparison.png

    E ainda não explicou porque é que prefere acreditar em tretas pagas pelo Heartland Institute, e ignorar o trabalho da quase totalidade dos cientistas especialistas nesta matéria. Será necessidade de se sentir especial?

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  15. Já que tanto critica escreva o discurso que faria se tivesse estado lá, adorava ler e haveria decerto alguém para o desmontar. Razão tinha La Fontaine na fábula do velho, do rapaz e do burro.

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  16. " e consultar alguns dados do Pordata sobre mortalidade infantil, escolaridade, acesso ao ensino superior, esperança média de vida, etc., para concluir o óbvio: a extraordinária mudança para melhor em tantos indicadores da qualidade de vida dos portugueses custou dinheiro - muito dinheiro. Além disso, um desses três pedidos foi em grande parte consequência daquele "maravilhoso" desafio da moeda única (ver ponto I), pelo qual alegadamente tanto lutamos naquele tempo mítico em que sabíamos o que queríamos e por que lutávamos..."

    Todos os itens referidos tinham a mesma evolução antes do 25/4. Com uma diferença: sem bancarrotas.
    A ideia de que é preciso gastar dinheiro sem critério para se conseguirem objectivos é falsa e estúpida principalmente num Portugal em que a corrupção, o compadrio e a irresponsabilidade têm absorvido grande parte da riqueza produzida.


    "A pouco e pouco a herança ideológica salazarista vai saindo das nossas cabeças, e olhamos para a História com um olhar que está a ser desinstalado pelas exigências do século XXI. "
    O interesse pela História reside precisamente em olharmos para ela com um olhar informado e consciente da época em questão. Olhar para a História com os parâmetros contemporâneos é absolutamente ridículo.

    Enfim. O discurso do rapaz não foi tão brilhante quanto o dizem mas, ainda assim, foi mil vezes melhor do que todos os proferidos pelos medíocres governantes deste país.

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  17. Obrigado pela sua análise Helena, pareceu-me bastante bem.

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  18. Diogo Areias,
    "Todos os itens referidos tinham a mesma evolução antes do 25/4" - pode fazer o favor de me dar provas do que afirma?
    Quanto à História: não se trata de olhar a História com parâmetros contemporâneos. Trata-se de deixar de olhar para a História de Portugal segundo a grelha de propaganda do regime salazarista que infelizmente ainda está nas nossas cabeças. Quanto mais não seja, pelo simples facto de que os outros países do mundo não foram sujeitos à propaganda salazarista e têm um olhar bastante mais sóbrio - para o melhor e para o pior - sobre o que os portugueses fizeram no mundo.

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  19. Augusto,
    com certeza que um discurso escrito por mim teria muito de criticável. É da natureza das sociedades democráticas haver opiniões diferentes.
    O problema deste discurso do João Miguel Tavares é instalar o populismo no coração da Democracia. Isso já não é uma mera opinião - é um ataque grave ao sistema democrático.

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    1. É mesmo uma mera opinião. Populista, elitista ou autoritário, quando não se gosta há sempre por onde pegar, como neste caso.

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  20. viva Helena! Incendiaste desta vez!

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  21. Augusto, sugiro que se informe mais sobre o populismo e o risco que representa para a Democracia.

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  22. Recomendo ao Diogo, que até gosta de coisas em inglês, para ver a última edição da "Time", está lá o Guterres a chapinhar nas tais alterações climáticas que "não existem"...

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  23. O aquecimento global tem o efeito positivo de aumentar a produção de biomassa. A luta deverá incidir sobre a transição para uma economia circular e de bens duradouros. O resto são ambientalismos bacocos.

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