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22 junho 2019

ainda as eleições europeias - um texto de Wladimir Kaminer

No período que antecedeu as eleições europeias, jogámos em família o Wahl-O-Mat, e cada um de nós teve um resultado diferente. A minha filha tem tendência para encontrar soluções simples para problemas complexos. Cem apartamentos estão vazios, cem sem-abrigo dormem ao relento. O que fazer? Qualquer aluno do terceiro ano consegue resolver o problema. Naturalmente: expropriar. Os mais novos gostam dos Linke, e também a minha filha se apaixonou por esse partido. O irmão dela afirma que a política é a arte da negociação e do compromisso, todos têm direito a uma vida digna. Para isso, antes de mais temos de travar as alterações climáticas. Faz todos os possíveis para reduzir a sua pegada ecológica, passa muito tempo a ver filmes e deixou a escola de condução - é o seu contributo pessoal para a redução de CO2. Temos de nos tornar mais naturais, diz o meu filho, mas tem cinco sacos diferentes de lixo em casa. A minha mãe temia o Wahl-O-Mat. Porque, independentemente de quão liberal e democrática ela se mostrasse nas respostas, o resultado era sempre um partido de direita. Isto acontece muito aos russos. O carácter forçado do voluntariado no socialismo russo fez de todos nós cépticos desconfiados e cínicos. Do ponto de vista russo, a verdadeira Democracia só pode funcionar se o direito de voto for restringido. Os idiotas não devem poder votar. Os reformados também é melhor não, tal como os jovens, que são uns cabeças de vento. No fim, sobra apenas o verdadeiro democrata, e ele escolhe-se a si próprio. Mas a minha mãe gosta da Frau Merkel, estão a envelhecer juntas, já se habituou a ela. 

E o que penso das eleições europeias? É claro que a Europa será objecto de reformas, mas não serão feitas pelos cépticos de direita nem pelos bailarinos lunáticos de esquerda. A UE é uma criança que aprende a andar. Vai dar tombos, levantar-se e continuar a andar. Na fase em que a criança aprende a dar os primeiros passos, a direcção em que avança não é importante.

Wladimir Kaminer, aqui.

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