04 julho 2015

nova escola de impressionismo em Berlim



H. Araujo, Berlim, 2015
Les baigneuses 

Andava eu tão satisfeita com a minha máquina fotográfica de bolso, mas, por causa de um banho de café com leite que ela resolveu tomar (I e II), a minha vida mudou. A dela também: entrou em coma vegetativo. Não sei se lhe tire a bateria e lhe faça uma onda de ripanço no facebook (será que acabei de inventar esta expressão, ou terá ocorrido a alguém antes?) (ripanço: aquela repetição de "RIP" nos comentários aos posts que anunciam a morte de alguém; é estranho, mas pelo menos não é tão mau como pôr "like" num post de necrologia). Para já, vai descansando em paz sobre a minha mesa. Até que eu perca a esperança, e ganhe coragem para a ripar em público.

Enquanto espero, comprei outra. Com um zoom mais forte e cores mais vivas, disseram-me na loja. O zoom é mais forte, sim, agora as cores... As saudades que tenho da máquina anterior!

(Talvez fosse boa ideia enviar esta ao Nepal. A anterior foi passar um mês ao Nepal com a Christina, e voltou de lá muito catita - não sei se terá sido do yoga, da meditação budista, ou dos amanheceres nos altos do Annapurna)

Ontem passei por um lago de nudistas, e apontei às cegas e ao longe (ao muito longe, que eles não gostam), no meio daquele exagero de luz e calor, e saiu isto. Agora estou indecisa entre ir aprender a usar a máquina fotográfica, ou deixar a minha ignorância neste preciso ponto e criar uma nova escola de impressionismo em Berlim, o foto-impressionismo.

Provavelmente é como com o ripanço: já alguém terá tido esta ideia antes. Confesso que não me dá jeito nenhum estar constantemente a ser plagiada por pessoas que têm a mesma ideia que eu, mas por acaso a tiveram antes de mim. É o problema de viver num mundo redondo: há sempre alguém que acorda muito antes de eu começar a carburar. Fosse a terra plana, mudava-me para o país do sol nascente, passava a ser um génio.  

(E eis como, no decorrer do chorrilho de disparates do costume, acabo de inventar uma nova teoria para explicar o movimento dos descobrimentos portugueses. Quais pimenta, quais cristianismo, quais novas honras para a nobreza, quais burguesia emergente, quais quê - os portugueses foram até ao Japão para poderem ter as ideias antes de todos os outros, sem sequer terem de madrugar muito.)


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