17 abril 2021

o folhetim continua

 


A minha fantástica e esplendorosa máquina de lavar a louça nova já andou uma vez!
Oh, que riquinha: funciona, e lava a louça, e tudo!

Foi no programa económico (horas e horas e horas, é um bocadinho difícil de entender como é que um electrodoméstico a trabalhar tanto tempo poupa energia, mas provavelmente terei faltado a uma aula importante). Quando chegou ao fim, a porta abriu-se sozinha para o vapor escapar e a louça secar melhor.

Alertada por um ruído diferente, fui à cozinha - e ali estava aquele prodígio da técnica: uma porta que se abre sozinha, presa ao corpo da máquina por uma peça de sólido plástico. 

Há tantos anos que uso as mais variadas máquinas de lavar a louça, e nunca me acontecera ficar a olhar para uma porta semiaberta sem saber como a abrir completamente. Com todo o cuidado, tentei soltar essa peça da porta, empurrá-la para os lados e para baixo, empurrar a porta para a fechar: não se mexia. 

"Será que me venderam uma máquina com defeito?", pensei eu, quase a entrar em pânico. 

Ia correr para o facebook para pedir conselhos aos amigos, mas ocorreu-me que eles são muito AEG, Bosch e marcas brancas. Provavelmente iam outra vez dizer "Helena, vende essa e compra uma AEG/Bosch/marca branca, porque eu gosto muito da minha". E com certeza alguém viria ainda acrescentar que bem me tinha avisado que era melhor lavar tudo à mão. 

De modo que fui antes para os fóruns de utilizadores da Miele, e num instante descobri que bastava abrir a porta normalmente, e a peça se recolhia com toda a discrição e elegância à sua posição habitual. Meu lido, meu feito. 

(Uma palavra de admiração e louvor para estas comunidades na internet: bem sei que o mundo está perdido, que chove nele como na rua, que estamos a viver em planos inclinados para milhentos abismos à nossa volta, e tudo isso. Mas enquanto houver - como há - milhões de pessoas dispostas a sacrificar o seu tempo para ajudar desconhecidos no imenso espaço internético, há esperança.)

Abri a porta, a peça recolheu-se com um ruído de high-tech dos anos oitenta (sim, parecia a nave do Espaço 1999), e pôs-me a pensar que talvez seja boa ideia pagar um extra para aumentar o prazo da garantia desta máquina para cinco ou até dez anos. Vejo aqui muita margem de manobra para avarias e consertos caros. 


7 comentários:

jj.amarante disse...

O que deve consumir mais energia num programa de lavagem de louça é elevar a temperatura da água. O funcionamento das bombas para fazer esguichos consome muito menos energia. Esses programas Ecos poupam energia trocando o aquecimento da água por esguichos repetidos durante mais tempo.

Flor disse...

A coitadinha não vai aguentar tantos pensamentos negativos a seu respeito. Finja que não a ouve, que não a vê. Deixe-a trabalhar à vontade. Olhe que eu sei do que falo! Esta minha última foi comprada com tanto amor que ao princípio eu chegava a abri-la a meio da lavagem porque não ouvia mexer-se. Até colava a orelha à porta :(

Bom fim de semana. Aqui hoje esteve um dia óptimo! :)

Helena Araújo disse...

jj. amarante,
a propósito: tinha a possibilidade de ligar a máquina à torneira de água quente (dizem que poupa muito mais energia) mas o técnico que a veio instalar disse que era péssima ideia, porque perdia o programa da lavagem de copos, que é a 45 graus.

Helena Araújo disse...

Flor,
boa malha. Vou tentar controlar os meus sentimentos, para não traumatizar a máquina. ;)

jj.amarante disse...

E insistindo no tema é engraçado que eu também pensei em ligar a máquina da roupa ou da louça à água quente pois em Lisboa aquecer água com esquentador a gás era preferível a usar um "cilindro" (era como se chamava no Porto quando lá vivi à 60 e tal anos) a electricidade. Fui ver na internet e parece-me que em Berlim também é assim. Entretanto o preço do gás em Portugal subiu, julgo que por falta de concorrência, fraqueza da Entidade Reguladora e percepção que poder de compra das famílias aumentou, excepto na austeridade da troika e agora na Covid e há uma tendência para migrar para o todo eléctrico. Para não falar na inexistência de gasodutos directos vindos da Rússia.

Quando pensei em ligar a torneira de água quente a uma das máquinas novas o técnico também desaconselhou. Certamente a Miele, sob o escrutínio atento dos Verdes alemães, deve ter recorrido a toda a espécie de algoritmos e truques para que as suas máquinas gastem pouca energia e essa optimização deve ser menor caso a temperatura da água à entrada da máquina difira muito do que é esperado de uma torneira de água ligada a um sistema de abastecimento da Alemanha. Noto esse esforço de optimização por exemplo em alguns BMWs, caríssimos mas que gastam apenas (alegadamente...) 3 litros aos 100km.

Mesmo sem ser na Alemanha, as pré-lavagens não precisam de água quente. Na minha casa em que só habitam actualmente duas pessoas fazemos normalmente pré-lavagem da louça do almoço e depois do jantar um programa (alegadamente para copos) de lavagem de 45º (e 29 minutos) numa Siemens que temos cá e achamos que o resultado é satisfatório. Quando existem tachos muito sujos ou uma grande quantidade de louça usamos um programa mais completo.

No seu caso que vive numa vivenda, se acha a electricidade muito cara será melhor instalar alguns painéis fotovoltaicos no seu telhado para autoconsumo, é uma solução muito comum na Alemanha e assim já não terá que esperar pelas tarifas baixas da noite, voltando a ligar as máquinas durante o dia enquanto há sol.

Flor disse...

Pois é, essa conversa dos esguichos já me ultrapassa. Passar bem 🙄

Helena Araújo disse...

jj. amarante,
está cada vez mais complicado tomar decisões como consumidor, não é?
A minha ideia não é poupar energia por ela ser cara, mas para poupar o planeta. Mas tudo isto são princípios que esqueço diariamente quando tomo outras decisões. Por exemplo: ir de carro para fazer uma distância de 1 km, em vez de ir a pé.