07 julho 2020

notícias da aldeia da roupa branca (2)



Parece que aqui em Brest não é costume - ou se calhar até é proibido - pendurar um estendal de roupa nas janelas viradas para a rua. Começo a suspeitar que o estendal maravilhoso que comprei no supermercado do meu bairro seja para o aquecedor ou para a banheira, e não para a janela onde assenta tão bem. 

Já devia ter desconfiado há mais tempo. Afinal de contas:

1. Nunca vi nenhum estendal assim na minha rua. 
2. Nem em nenhuma outra de Brest, excepto numa de traseiras. 
3. Nem em Brest, nem - pensando bem - em Berlim. Ou no Porto.

De modo que estou com a auto-estima na subcave: tantos anos a pensar que sou gente fina, para me dar agora conta de que afinal sou aquele tipo de emigrante que não respeita as regras do país onde se instala. Logo eu, que pensei tantas coisas feias sobre os vizinhos que faziam muito barulho nas escadas, não fechavam a porta da rua, e coisas assim; acabei de descobrir que tenho uns pés de barro quase até aos joelhos. E é para não dizer até ao pescoço.

Pior ainda: reincidi. Hoje lavei a capa do edredão. No estendal à janela seca a tempo de o poder voltar a usar hoje à noite. Dentro de casa, precisa de uns dois ou três dias. Podia ir à lavandaria do fim da rua metê-lo no secador, mas custa-me gastar energia eléctrica para algo que o sol e o vento resolvem sem problemas.

A única maneira de escapar disto com alguma dignidade é votar nos Verdes, e sugerir aos candidatos que os estendais à janela sejam um ponto importante do programa. Abaixo a proibição dos estendais por motivos estéticos!

Tanto mais que os estendais, além de permitirem poupar energia eléctrica, tornam as ruas bem bonitas. E informativas.
(Mas eu, hehehe, arranjo sempre de usar toalhas de banho ou lençóis para esconder certas informações mais privadas, hehehe)


1 comentário:

Minas cap disse...

Bole posts meus parabéns. ;)
Tri legal resultado