13 novembro 2019

"tomate" (4)


O #tomate negro da Crimeia, que já foi hoje mencionado na Enciclopédia Ilustrada, lembrou-me um artigo que li há cerca de vinte anos numa revista americana. Parece que a subsistência de todas essas qualidades diferentes de tomate se deve à cortina de ferro. Na Europa e nos EUA as grandes empresas agro-industriais afunilaram a produção, pondo no mercado apenas os tipos de tomate que lhes pareciam adequados ao mercado. Quando a cortina de ferro se desmoronou, o mundo descobriu com surpresa que do lado de lá havia uma enorme variedade de tipos de tomate (e também de beringelas, courgettes, etc.) que os lavradores iam plantando ano após ano, segundo o saber antigo e as sementes que guardavam para o ano seguinte, em vez de comprarem à Monsanto ou a outra empresa do género.

Na altura em que vivi nos EUA chamavam "heirloom tomatoes" a esses cestinhos com tomates de todas as cores e tamanhos, que vendiam a preços proibitivos. Entendo a ideia de os ver como uma herança: o maior tesouro dos avós.

Ando há quase vinte anos para saber como será a tradução correcta de "heirloom tomatoes" para português.

E também gostava de saber se na América Latina não se guardaram uma ou duas sementinhas de variades à margem da Monsanto.

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Comentário de um colega:

"Aqui no Reino Unido usamos o termo Heritage Tomato, são tomates que têm que ser polinizados, seja pelo vento, insectos ou mesmo cotonete na falta de polinizadores naturais, ao contrário dos híbridos que são auto polinizantes e normalmente mais resistentes a doenças, mais adaptados ao clima pretendido e que têm maior tempo de armazenamento, ou seja, maior produção e mais tempo de vida nas prateleiras do supermercado. Em termos de sabor não há nada que chegue a estas variedades ancestrais e para quem planta para consumo interno e para oferecer aos amigos como é o meu caso muito mais interessante e gratificante."

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Ora aqui está uma boa ideia para traduzir "heirloom tomatoes" = "tomates de variedades ancestrais"

(ooooops, agarrem-me, que me sinto a resvalar para a brejeirice!)
(oooooops, é mais forte que eu: "heirloom tomatoes": "tomates da avó")

2 comentários:

amadeu moura disse...

Se a Helena vier ao Algarve, sugiro-lhe que prove o tomate rosa algarvio.

Nada tem a ver com o tomate de supermercado.

Helena Araújo disse...

Mais um to-do importante na minha lista de boa vida nas férias. Raramente vou ao Algarve, e cada vez me parece mais que quem fica a perder sou eu. :)