12 maio 2018

o que eles dizem

Para a quem interessar possa, e para minha memória futura, copio para este post (que será longuíssimo) algumas das reacções suscitadas pela crónica "A tragédia de Sócrates", de Fernanda Câncio, e pelo burburinho que se lhe seguiu.


1. Daniel Oliveira, Expresso: As primeiras vítimas de um mitómano estão ao seu lado

(...) Muitos não se lembram, mas supostamente Sócrates tinha fortuna de família. E era assim que explicava a amigos, próximos e conhecidos o nível de vida que mantinha. E é a partir dessa mentira que Sócrates, um homem que não é apenas desonesto mas parece sofrer de um desequilíbrio de personalidade, consegue, pelo menos até se saber parte da verdade, a solidariedade de muitos dos que lhe estavam próximos, não hesitando em colocá-los numa situação de enorme fragilidade futura.
(...) Mas a diferença entre o cúmplice e a vítima é muitas vezes a boa-fé da sua conduta. E muitos amigos e camaradas de Sócrates, pelo menos os que são feitos de uma massa muito diferente da sua, foram as vítimas mais próximas da sua mitomania amoral. Aos poucos que, no PS, querem manter o partido amarrado a esta figura fica um conselho: leiam o texto de Fernanda Câncio. Acabou.
(o texto completo está no fim deste post)



2. Helena Ferro de Gouveia - facebook

“A Câncio”
Disclaimer: não sou amiga da Fernanda, não a conheço pessoalmente, conversamos algumas vezes por mensagem, discordamos muitas vezes. Admiro muitas das suas reportagens, a coragem e a frontalidade com que abordou temas como o assédio sexual. Nunca votei PS. Desprezo José Sócrates e tudo o que ele representa.
1. Passemos à crónica no DN. Antes de mais:
- quantas pessoas foram já enganadas durante anos por amigo/a, namorado/a, marido (há mentirosos compulsivos que ao acreditarem de tal forma no que dizem se te tornam absolutamente convincentes)? Será a Fernanda a primeira ? Não o é certamente.
- viajou a expensas do namorado (que espalhou a lenda da fortuna pessoal) e isso faz dela o quê? Se a sua namorada/ namorado tem (supostamente) mais possibilidades económicas que você e lhe oferece um jantar ou uns dias de férias recusa ? Denuncia-a/o as Finanças ? Uma feminista não se pode apaixonar e deixar de atentar aos sinais ?

- pode discordar-se do teor da crónica, acha-la até de mau tom, o que não se pode fazer é um linchamento público da mulher. Já li comentários atrozes onde o “puta” era o qualificativo menos ofensivo. Estamos num momento em que a opinião ou a acção ou as escolhas de outrem, da qual divergimos, se transforma numa impossibilidade de suportar que o outro exista? E, assim, é preciso eliminá-lo? Foi este o clima social que precedeu todos os totalitarismos.
- ocupou a Fernanda algum cargo num Governo de José Sócrates ? Foi ministra, secretária de Estado ? Fez parte da cúpula do PS? Quem esteve ao lado do ex-PM e quem beneficiou com isso ? Essa é a pergunta a ser feita.
O resto é foguetório.
2. Eu acredito na indignação. É dela e do espanto que vêm a vontade de construir um mundo que faça mais sentido. Não acredito todavia em julgamentos sumários, nem em assassinatos de carácter nas redes sociais.
Nem no transformar uma Pessoa em “a Câncio”.
Sempre me pareceu que a tragédia humana, assim como a beleza, se mostra mais nos pequenos gestos do cotidiano do que nos grandes acontecimentos. É na forma como julgamos os outros que espelhamos o que somos e o que valemos.


3. Susana Brito - facebook

Parece-me que vai em curso um caso extraordinário, com ecos nos jornais, no FB e por aí fora. Vão ser escritas novelas sobre isto. Preciso de ser rápida em dizer onde encontro neste caso as marcas da genialidade da vida destinada a ser recordada, antes de vir “declarar guerra à Alemanha em 1945” (sim, li hoje o JMT, perfeito na sua nanométrica incisão de alfinetes em Câncio), isto é, antes da estreia de uma série de culto na Netflix.
Exposta a este caso, como toda a gente, por um lado, lembro-me de um ditado, que admite variantes, sem nunca perder a bombástica expressividade, sobre a autonomia do órgão do amor. Quem ama o feio, bonito lhe parece. Pretender domínio sobre este órgão é o mesmo que pretender domínio sobre o rim esquerdo. Quem ama o venal, impoluto lhe parece. Quem ama o pobre, rico lhe parece. Não é cínico, não é piada. É assim.
É verdade que até certo ponto somos responsáveis pelos nossos próprios órgãos. Já todos ouvimos falar de pulmões enegrecidos, acessos coronários entupidos, cérebros mirrados, olhos estragados por leituras outrora inadequadas, etc.
Não tem problema. As nossas decisões práticas não têm em mira os nossos órgãos, mas incidem sobre eles, modelam-nos.E depois, eles modelam-nos a “nós”. Nota-se o saltitar entre o”nós-de-cá” e o “nós-de-lá”? É um desporto de grande popularidade.
Por outro lado, este caso recupera coisas que não encaixam totalmente na normalidade, que não está preparada para tanta naturalidade. “Bota pedra na Geni!” . “Je ne regrette rien”. “Sebastião come tudo tudo tudo”. Formas musicais de lidar com a estranheza provocada pela bombástica força a que já me referi.
Dói a liberdade de amar do outro. Bota pedra na Géni!
Dói a parvoíce dos dias que não vão ser recuperados. Estoicamente o que há a fazer é reciclá-los et rien regretter.
Dói a ideia de ser abandonado por quem dá aconchego e boa sopa, é comer a sopa e bater na cozinheira. Trela curta.
Estou convencida de que para a maior parte dos portugueses que conhecem a palavra empatia, no sentido de com-paixão, a ideia é uma patetice ornamental de séries americanas. E acham também que os filósofos são aqueles tipos ocos que ocasionalmente chegam a presidente, mas porque se desviam da inutilidade (para outros, os filósofos são ministros de mais um culto da sopinha de letras que se escolheu para viver).
Junto as duas coisas, insinuando a abertura ao sentir alheio como base da ética, evocando másculos senhores de fama há muito feita, cujos nomes só aparecem geralmente em ambientes sanitarizados. Não é que muitos deles se importassem com o mero facto de o seu nome ser soletrado, preterindo a bom tempo certas perdas de tempo a favor dos seus próprios cachorros.
Preciso deste arrimo de erudição para espetar um lembrete, agora e aqui, perante este caso, de que a empatia — a capacidade de compreender não só o sofrimento mas também a dimensão interna alheia da esfera primeira do sentir onde, nos dias de chuva, acontece o sofrimento — pode ser vista como o próprio substrato do bem e do mal, a raiz da árvore dos gestos úteis, virtuosos, rectos (bonitos, inspiradores, lúcidos) e dos seus contragestos.
Aviltar C. é hoje mais autobiográfico que nunca. Já não digo que é autofotográfico, do ponto de vista do abusador de mulheres instalado com conforto na sua javardice. Nem estava a pensar nestes (e nestas, e, já agora, nem coloco JMT neste grupo, de todo).
Aviltar hoje C. é autobiográfico porque existe uma proporção invertida entre o que se se fez de si com a vida que se viveu e o que se apedreja, com a diferença bíblica de que é mais feio não viver construtivamente que atirar pedras.
Digo isto sem qualquer passado de particular pessoal simpatia por C. E sem ideias feitas sobre o momento em que falou agora.
JMT tocou, parece-me, num ponto importante, o da tragédia, mas conseguiu mantê-la pequenita. Desculpar-lhe-á isto o facto de atribuir à própria C. tal hipotrofia, por não se revestir com suficiente panejamento do manto trágico. Para mim, não é assim. Grandiosa é sempre a tragédia, sobretudo na sua contemplação. Um génio da palavra, da música, da imagem, que se ocupe do caso. Nós outros, circunspectos. Contemplemo-nos.


4. Lutz Brückelmann - facebook

Sara Monteiro , escreves que te faz confusão como as reações ao artigo da Fernanda Câncio possam ser chamadas sexistas? Parece-me tão óbvio! Há imensa gente que a chamou puta, muitos com todas as letras e outros de forma menos explícita. Não chega? Propões fazer o exercício mental de inverter os sexos dos envolvidos. Fiz isso e não, não creio que um homem seria chamado puta neste caso. Mas a questão tem mais que se lhe diga.
Existe uma cultura, um sistema de valores em Portugal e não só em Portugal - aliás, é mesmo inerente à natureza humana - que insiste em ver o comportamento de pessoas pelo prisma de apenas três motivações: interesse, fidelidade e paixão. Chamo esse sistema de valores atávico e tribal. Como é „hard-wired“, pode ser tão eficazmente explorado pelos tábloides e todos os outros demagogos do mundo.
Neste sistema de valores, uma mulher autónoma, profissional de provas dadas, quando namora com um poderoso, passa a „namorada do Sócrates“ e tudo o que ela doravante faz é atribuido aos referidos motivos de interesse, fidelidade e paixão, que a tornam num instrumento do seu novo dono. Contra isso ela se revoltou. Quando falas da fama da FC como pessoa „aguerrida“, isso vem daí. Sim, já era uma jornalista de causas, muitas destas que tu e eu aliás partilhamos, mas a ideia de mulher combativa tal como a sua "fama" só se consolidou no grande público quando ela tentou impedir o Correio da Manhã de a representar como tal namorada e devassar a sua vida privada. Nos olhos da maioria, essa luta era estúpida, porque tão claramente contraproducente: tudo o que fazia só podia contribuir para uma ainda maior exposição sua no contexto que quis evitar. Era estúpida na ótica de quem se rege apenas pelos motivos acima citados, para quem tem como orientação principal na vida a procura de como se safar da melhor forma. Mas há outros motivos além dos atávicos. Existem pessoas com auto-estima e convicções. Que acreditam que a humanidade pode e deve emancipar-se do atavismo.
Pessoas assim despertam o ódio. Não podem existir pessoas autónomas com convicções. Muito menos mulheres combativas.
No sentir dos atávicos, depois do namorado se ter revelado como gangster, a „namorada“ desceu ao estatuto de puta. Mas mesmo uma puta dum gangster pode descer mais baixo. Com o tal artigo passou a coisa ainda pior do que puta, uma puta que traiu o seu homem. Basta falar do sexismo?
Sobre o que a Fernanda Câncio devia ter sabido, a Susana Brito escreveu ontem um belissimo post, em que lembrava o que qualquer pessoa com um pouco de experiência de vida sabe: Que para quem ama o feio é bonito, e o imoral é virtuoso.
Não tenho dificuldade nenhuma em imaginar como a FC pôde ir de férias com o namorado, pagas por este, comer em restaurantes caras e beber vinho caro, pago por este, sem se perguntar de onde veio o dinheiro ou, em alternativa, não duvidar da explicação que a sua riqueza era herdada. Mesmo sendo jornalista de investigação. Lá está, não estava com o namorado enquanto jornalista.
Admito também, como o Daniel Oliveira ontem no Expresso escreveu que a maioria dos políticos do PS não estava a par dos esquemas de Socrates, que também foi enganada por ele. Quantos destes e por quanto tempo, é outra história. A sua cegueira, que suspeito ter sido cada vez mais esforçada e voluntária, tem nos meus olhos muito menos desculpas do que a da Fernanda Câncio. Humilhante é para todos. Para a Fernanda Câncio imagino que deve ter sido muito mais do que isso, pois genuinamente dolorosa.
Não é fácil assumir em publico ter sido tão rotundamente enganada por uma pessoa, muito menos para uma jornalista, e para fazê-lo é preciso não só coragem mas, e aqui talvez muitos se espantam com o que digo, antes de pensar melhor: humildade.
Acho compreensível e bem que a Fernanda Câncio ecreveu o artigo. Pode perguntar-se se foi oportuno para ela. Duvido. Vide a sua luta contra o CM. E pode perguntar-se, com alguma pertinência: Porque hoje? Porque não no ano passado, ou há dois anos? Mas basta tentar por-se na sua pele para perceber como difícil deve ter sido, primeiro compreender e aceitar que estava enganada, depois aceitar o tanto que estava enganada, até ao momento de ser-se capaz de assumir isso em público num ambiente que há muito tempo lhe é particularmente hóstil.
Nota: Muita gente a escrever sobre este caso, acha necessário acrescentar uma nota: de que é amiga, de que não é amiga etc. Não o faço. Há quem me disse que defendo a FC por estar a espera dumas „côdeas desta gentalha“. Há outra gente que me conhece.


5. Rita Dantas - facebook, em comentário ao texto do Lutz

(...) Fernanda Câncio não expõe nada nem ninguém, não conta rigorosamente nada.

Concordo que nos insultos a Fernanda Câncio transparece sexismo em grande medida porque em Portugal quase sempre que se insulta uma mulher se recorre a termos e argumentações sexistas – é pervasivo, está demasiado inserido na cultura – não apenas na versão puta (não tratou homens como queriam?) mas também na versão mal querida / mal fodida (não conseguiu obter o selo de aprovação masculina com que todas sonham).

Mas claro que também há sexismo no “devia ter ficado do lado dele” – cultural e historicamentemente, não é preciso ir buscar as viúvas queimadas na fogueira na Índia ou as esposas americanas bem vestidas e sorridentes, no palanque ao lado dos maridos enquanto eles confessam o adultério e se desculpam perante o povo americano, é uma coisa que se pede muito mais às mulheres, também porque os homens tendem a ter protagonismo.

Acho que o que incomoda as pessoas, nomeadamente JMT, é isto: ela diz “fui enganada por um mentiroso, defendi-o, tal como muitos outros, e isto é grave” e não se auto-humilha, não prescinde da sua dignidade, não bate no peito, não pede perdão – considera-se alvo da mentira tal como muitos outros.

E é por isto que as pessoas conseguem achar ao mesmo tempo duas coisas completamente paradoxais: que ela tinha de ter afundado com o navio, e que o devia ter acusado e abandonado mais cedo.

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TEXTO COMPLETO do DANIEL OLIVEIRA, EXPRESSO:

As primeiras vítimas de um mitómano estão ao seu lado

Sendo jornalista e comentador, conheci José Sócrates como conheço António Costa ou conheci Mário Soares e Jorge Sampaio, só para me ficar por antigos líderes do PS. Nunca fui seu amigo, admirador ou sequer eleitor. Tive por ele, para além do natural interesse político que é inerente à minha atividade profissional, uma curiosidade quase literária. É uma personagem excessiva e trágica que, de um ponto de vista desapaixonado, sempre achei perversamente interessante. E continuo a achar. Mas conheço muitas pessoas que foram amigas de José Sócrates. Algumas delas muito próximas. Pessoas que o apoiaram, incluindo quando ele já estava cercado. Como escrevi ontem, são, naturalmente, as pessoas que conheço que se sentem mais traídas.
De todas elas, a que sempre esteve numa posição mais difícil foi Fernanda Câncio. Porque nunca aceitou que a sua vida pessoal fosse comentada e ela foi devassada até ao mais ínfimo pormenor, muito para além do que se relacionava com o processo judicial. Porque nunca se furtou a nenhum combate e isso é, na nossa sociedade machista, imperdoável numa mulher. Porque há combates, reconheço, que provavelmente poderia ter evitado. Não me espanta, no entanto, que venha dela O TEXTO mais claro sobre as razões pelas quais Sócrates deve ser condenado moralmente, independentemente da questão criminal. Sobretudo por aqueles a quem mentiu durante anos.
Fernanda Câncio concentra-se na questão mais relevante: para além de um político, ainda mais primeiro-ministro, não poder viver às custas de um empresário (se aceitássemos como verdadeira a tese de Sócrates), o que mais importa antes de qualquer julgamento é a mentira comprovada e confirmada. Entre muitas, sobre a origem do seu dinheiro. Muitos não se lembram, mas supostamente Sócrates tinha fortuna de família. E era assim que explicava a amigos, próximos e conhecidos o nível de vida que mantinha. E é a partir dessa mentira que Sócrates, um homem que não é apenas desonesto mas parece sofrer de um desequilíbrio de personalidade, consegue, pelo menos até se saber parte da verdade, a solidariedade de muitos dos que lhe estavam próximos, não hesitando em colocá-los numa situação de enorme fragilidade futura.
Cito Fernanda Câncio: “Mentiu ao país, ao seu partido, aos correligionários, aos camaradas, aos amigos. E mentiu tanto e tão bem que conseguiu que muita gente séria não só acreditasse nele como o defendesse, em privado e em público, como alguém que consideravam perseguido e alvo de campanhas de notícias falsas, boatos e assassinato de caráter (que, de resto, para ajudar a mentira a ser segura e atingir profundidade, existiram mesmo). Ao fazê-lo, não podia ignorar que estava não só a abusar da boa-fé dessas pessoas como a expô-las ao perigo de, se um dia se descobrisse a verdade, serem consideradas suas cúmplices e alvo do odioso expectável.”
Tudo o que escrevi sobre este processo, ao longo destes anos, concentrou-se na afirmação da gravidade do caso para a nossa democracia, na certeza de que a justiça tinha aqui um teste dramático e no repetido lamento por os julgamentos continuarem a fazer-se nos tabloides. Para cabeças maniqueístas isto é uma defesa de Sócrates. Para mim, é uma defesa do Estado de Direito. Nunca votei em Sócrates e até fui muitíssimo crítico durante toda a sua governação. Quanto à sua honestidade, não me enganou nem deixou de me enganar. Conhecia as histórias que todos conheciam pela comunicação social, não o conhecia a ele o suficiente para confirmá-las ou desmenti-las. Até à acusação do Ministério Público, em que passei a estar na posse da informação necessária para formular uma opinião clara sobre o comportamento ético de Sócrates, tive a posição que acho que um comentador deve ter perante um caso desta gravidade política: disciplinadamente expectante, por saber que seremos julgados no futuro pelas posições que tomamos nestes momentos. Não me arrependo de nenhuma: nem das críticas a julgamentos feitos através dos media (muitos deles com pistas entretanto abandonadas), nem do que nunca disse sobre a sua culpabilidade ou inocência. Tinha, sobre muitos dos que falaram, uma enorme vantagem: nunca fui amigo, camarada ou colega de governo de Sócrates. Para mim esta posição era mais fácil.
É patético o espetáculo dado por alguns socialistas que cortaram com Sócrates antes de outros, quase sempre por razões que nada tinham a ver com estes casos, apontando o dedo acusatório não a Sócrates mas a todos os que não viram a luz antes deles. Nunca tendo apoiado ou votado em Sócrates, não contribuo para este campeonato. Pelo menos em relação a pessoas que tenho como sérias, parto do princípio que apoiaram Sócrates por razões políticas e desconhecendo o seu comportamento ético e provavelmente criminal. Discordei politicamente delas na altura e provavelmente continuo a discordar. Mas isso não faz delas cúmplices de nada.
O texto da Fernanda Câncio não é apenas um ato de coragem. É um ato de justiça. Não apenas para ela mas para todos os que, como ela, foram enganados por um amigo ou camarada. Alguém dizer que foi enganado não é fácil. Mas poucas pessoas terão sido tão prejudicadas na sua vida pública e profissional como Fernanda Câncio. E poucas terão sido tão injustamente atacadas. Depois deste texto, continuará a sê-lo. Provavelmente ainda mais. Mas a diferença entre o cúmplice e a vítima é muitas vezes a boa-fé da sua conduta. E muitos amigos e camaradas de Sócrates, pelo menos os que são feitos de uma massa muito diferente da sua, foram as vítimas mais próximas da sua mitomania amoral. Aos poucos que, no PS, querem manter o partido amarrado a esta figura fica um conselho: leiam o texto de Fernanda Câncio. Acabou.

6 comentários:

Manuel Rocha disse...

Obrigado por ilustrar, com este seu post, a minha argumentação anterior sobre jornalismo. A HA escolheu escolher os textos saidos em apoio da publicação da jornalista FC. Não escolheu incluir nenhum que a questione ( MST, etc ). Está no seu pleno direito, pois escreve no seu espaço de opinião, não está a fazer jornalismo. Porém, convenhamos, se de uma peça jornalistica se tratasse, tenho a certeza que a HA não teria dúvidas em reconhecer que não estaria comforme as boas práticas da arte.Certo ?

"Terminado".

MR



Helena Araújo disse...

E...?

O problema era se eu chamasse notícia a um texto de opinião. Se estiver bem claro que não é notícia, não sei qual é o seu problema.

Tavares disse...

Olá amigo(a), muito bom o seu blog!

Voltarei pra ver as novidades...

Abraços. =)

Tavares_Plugado

https://tavaresplugado.blogspot.com.br/

Manuel Rocha disse...

Certo. Portanto o que estes vendedores de certezas dizem é que uma jornalista pulpito usa o pulpito do jornal que a emprega para proceder a um linchamento público de um politico retirado com quem manteve uma relação intima e tudo o que faz é exercer o seu direito de opinião . Tomo boa nota. Mas não me convencem. De todo. Vou continuar a ter muitas dúvidas sobre o contexto e os contornos éticos de toda esta tragicomédia. Deixando sorrisos aos que pululam por aí saltitando de certeza em certeza, passando do amor ao ódio, sempre com a mesma justificação pueril: nunca é o próprio que é vitima dos seus desejos ou das suas crenças e, portanto, nunca se ilude - é sempre o outro que desilude e que mente.
Cump.
MR

Helena Araújo disse...

Manuel Rocha,
ao fim e ao cabo, qual é a sua opinião?
Os partidos devem exigir aos seus políticos um comportamento ético, ou deve bastar-lhe que não sejam condenados por um tribunal?

É que está aí com muita conversa sobre linchamentos e sei lá o quê, como se a Fernanda Câncio tivesse revelado algum segredo e proposto algo absolutamente impensável.

Manuel Rocha disse...


Cara Helena Araujo,

A minha opinião sobre a matéria que sugere é perfeitamente irrelevante para o debate que propus.Esse tinha outro alvo: ética /deontologia no jornalismo. Sinto-me esclarecido quanto ao que pensa sobre isso qd aplicado ao caso concreto, e repeito-o. Fará o obséquio de não tentar menorizar o meu entendimento sobre o assunto apenas pq não coincide com o seu.

Cump.

MR