18 fevereiro 2018

empty nest

 



- da série: "Fox à maneira de Kaspar David Friedrich" -


Na semana passada, o Matthias mudou do apartamento onde estava para outro onde permitem animais domésticos. Hoje, a Christina mudou do seu pequeno apartamento na nossa casa para um apartamento partilhado, mais perto da sua universidade. E como eu ando na maratona da Berlinale, e a seguir vou fazer férias em Portugal, o Matthias veio buscar o Fox - mais as tigelas, mais a cama -, para ir viver com ele na casa nova.

O Joachim avisou-me ao telefone: "a casa ficou vaziíssima".

Vaziíssima.
Os filhos, a gente habitua-se. Sabemos desde o princípio que nascem de nós para a vida deles. De facto, começámos a habituar-nos quando eles se despedem calmamente no infantário, ou quando saem de bicicleta para longe do nosso olhar, ou quando entram na escola e começam a combinar programas com os amigos. Também ajuda o facto de terem passado um ano no estrangeiro, e de estarem há muito com um pé - ou ambos - fora de casa. Já o cão, é mais difícil. Os cães vêm para ficar. Aquela sua entrega incondicional e inteira enche o espaço doméstico, muda a nossa maneira de estar em casa e impõe ritmos. Hoje à noite, por exemplo: está um frio de rachar, mas senti que me faltava alguma coisa por não ir dar a última volta do dia com o Fox. 

Os miúdos às vezes queixam-se que eu faço mais festa ao Fox que a eles. Respondo-lhes a rir que eles não vêm aos saltos pelas escadas abaixo, a abanar o rabo todos contentes, só por eu ter regressado após cinco minutos no jardim. Hoje à noite foi muito esquisito entrar em casa e não ser recebida com alegria.

Também vai ser esquisito ir passear pelo bairro sem o Fox. Ou se acaba aqui uma original carreira de fotógrafa dos lagos do bairro, ou irei acrescentar-me ao grupo daquelas pessoas que até agora me pareciam suspeitas por andarem a passear por ali sem terem um cão.



1 comentário:

jj.amarante disse...

As fotos estão mais uma vez muito boas, gosto muito dos elementos iluminados pelo Sol (como os pêlos) sobre um fundo escuro e essa luz divina no topo esquerdo tem muita graça.

Voltando à terra, os cães costumam viver menos de 15 anos, a probabilidade de nos deixarem antes que um bébé da mesma idade atinja a maioridade é muito grande.