26 agosto 2017

difíceis decisões

A manifestação deste sábado em Crissy Field foi cancelada porque os neonazis se recusaram a cumprir uma condição imposta pela polícia, que é deixar as armas em casa. Parece que vão fazer uma manifestação "informal" em Alamo Square (a praça das Painted Ladies, as casas vitorianas). E para essa manifestação irão obviamente armados.

Alguns amigos dizem-me que ir é um erro porque o que os neonazis querem é palco. E que devia ficar longe, para não complicar o trabalho da polícia.

Entretanto, ocorreu-me uma diferença fundamental em relação às manifestações na Alemanha: nestas não há gente armada, excepto a polícia. "A violência é monopólio do Estado". O pessoal das antimanifestações pode contar com umas bordoadas da polícia, mas o cenário de neonazis a desfilar de metralhadoras prontas a disparar é simplesmente impensável.

Continuo a meditar no caso. Que sentido faz ir a uma manifestação correr real perigo de vida para dar aos neonazis o prazer de terem um grande palco? Por outro lado, como é possível aceitar que eles ocupem as ruas como se fosse algo normal e aceitável no nosso tempo?


3 comentários:

Susana Rodrigues disse...

Estando eles armados e a Helena não, instala-se um desequilíbrio de força e poder que de facto acarreta riscos elevados.
E se, numa suposição, eles encontrassem as ruas vazias, ninguém, absolutamente ninguém que os oiça, que os olhe, que lhes "valide" a manifestação; não seria esse vazio uma anti-manifestação válida também? E talvez mais eficaz?

Helena Araújo disse...

Pois é, eu nem de uma fisga me sei servir...
Deixar as ruas vazias é melhor que uma batalha campal, mas há soluções melhores. A proposta no artigo do NYT que partilhei no post que escrevi hoje é muito boa.

Susana Rodrigues disse...

A melhor arma que temos é sem dúvida a inteligência, ferramenta fundamental para se conseguir comunicar através do humor.
Maravilhoso artigo este do NYT, Helena. Traz esperança. Obrigada.