04 junho 2017

a riqueza das nações


A Maria Filomena Mónica escreveu uma redacção com nível da quarta classe. Será que ela frequentou a Universidade? Se o fez, temos de lhe reconhecer alguma razão neste texto: nem sempre aproveita aos Estados darem boa formação às pessoas. Em alguns casos é mesmo dinheiro deitado à rua...

Nem sei que dizer sobre este artigo. Sem pensar muito, quatro apontamentos:

- "Venha a riqueza" - de onde? Já ouvi a gente com responsabilidades num governo de Passos Coelho a mesma teoria: Portugal devia dar formação específica apenas para responder às necessidades actuais da indústria que temos. O problema é que não conheço nenhum país com uma economia pujante baseada em cortadores de carne, empregados de limpeza e agentes de call-center. 

- Há tempos ouvi empresários a falar de países onde devem instalar as suas empresas. Portugal perdia para os países do Leste da Europa, porque estes têm mão-de-obra igualmente barata, mas muito mais qualificada e competente. 

- Muitas das mais importantes empresas alemãs nasceram da colaboração intensa entre a ciência e a indústria - Bosch, Junkers, Daimler, Porsche, Zeiss, etc.; o meu exemplo favorito é a Jenaglass, que uniu a indústria, a química e o design do movimento Bauhaus de Weimar.

- Quando uns palermas telefonaram para um restaurante de fast food dizendo que havia uma fuga de gás e a única maneira de "aliviar a pressão" era quebrar os vidros, o pessoal do restaurante desatou mesmo a partir as janelas. Ter empregados com baixíssimo nível de educação foi óptimo para a economia - pelo menos para a empresa produtora de janelas, que recebeu uma bela encomenda.
(Já se telefonava a um vizinho da Maria Filomena Mónica - um que tenha sido vítima desta teoria de a educação vir depois da riqueza - para avisar que há uma fuga de gás na casa dela, e qual é a solução para "reduzir a concentração de gás", antes que rebente a casa toda..)

(10, 9, 8... começou contagem decrescente para o primeiro comentário a dizer que eu sou contra a liberdade de expressão, porque mando partir os vidros das casas das pessoas de cuja opinião discordo...) (leiam outra vez, amigos. Não basta saber descodificar as letras e formar palavras; por volta dos sete anos de idade o ser humano de desenvolvimento normal começa a perceber a ironia e o humor)
 
 

2 comentários:

Filipa disse...

Supostamente, ela estudou Sociologia ( se a memória não me falha) em Cambridge. A autobiografia dela é extraordinária, fala de conhecidos e importantes estudiosos como pessoas com quem ela dormiu ou não.

Há uns anos, ela defendia a alta Cultura, mas presumo que ela se adapte ao que mais lhe der dinheiro.

Jorge Nunes disse...

Texto super. Ironia do mais fino que há. Fez o meu Domingo. Parabéns.