08 abril 2017

"adieu tristesse" no bikini berlim



 
Ontem entrei no Bikini Berlin, na Breitscheidplatz (sabem, a praça do atentado), e encontrei a instalação "Adieu Tristesse", de Mademoiselle Maurice. Está no átrio central, mesmo em frente à janela enorme sobre o jardim zoológico. Fazem parte da instalação duas mesas com folhas de papel e um tablet que mostra como fazer as figuras em origami, e o pessoal que se entrega com entusiasmo àquela operação primavera.

Não sei de que gostei mais: se das cores alegres, se dos adolescentes a fazer passarinhos de papel, se das mãos harmoniosas de três gerações (avó, mãe e filha de cinco anos) em volta de uma folha verde, se da filha a fotografar a mãe no meio daquelas vagas coloridas, sorrindo muito por trás do telemóvel para a mãe sorrir também...

O atentado aconteceu há menos de quatro meses, do outro lado da rua, mas parece estar muito longe ou até esquecido. Não vou dizer que a vida continua, porque não é isso. Em Berlim, a vida é. Só faltava aos berlinenses deixarem que um psicopata saísse vencedor daquela tragédia.
A propósito: há tempos, ao descer para o metro, comentei com um colega do coro que comecei a estar mais atenta nas escadas, não vá dar-se o caso de ser empurrada por trás, como já aconteceu duas vezes nesta cidade. Ele não entendeu. Seguiu-se uma conversa de pura estupefacção de parte a parte, porque nem ele aceitava que numa cidade de quatro milhões de habitantes alguém mude a sua vida por algo que atingiu duas pessoas, nem eu compreendia a sua absoluta rejeição da minha atitude "o seguro morreu de velho".

Entretanto, por estes dias, quem precisar de mergulhar em alegria por alguns momentos, pode ir ao Bikini Berlin, sentar-se de costas para os babuínos do zoo, e deixar-se envolver pelas cores e pelos olhos maravilhados de quem passa.

(Desculpem o exagero de fotos semelhantes. Não consigo deixar mais nenhuma de fora.)




 
      
 

 


 
 

 
 

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