21 fevereiro 2017

a minha sorte


Hoje esteve um dia lindo. Nuvens enormes entrecortadas de sol e céu azul. Aquela luz maravilhosa que antecede o temporal. Andei por aí, de lago em lago, a fotografar em estado de exaltação e a perguntar-me que bem terei eu feito na vida para merecer isto tudo. Foram 330 fotografias, depois mostro algumas.
Ao regressar a casa a vizinha viu-me e convidou-me para um café, e levei bolo de chocolate que tinha em casa. Daí a bocadinho vimos passar o Fox com a sua cauda farfalhuda espetada no ar - tão querido, o Fox. O Matthias apareceu a seguir, ia levá-lo ao lago. A vizinha abriu a porta e perguntou ao Matthias se também queria um café, e ele respondeu da rua que não podia, obrigado, etc. - parecia aquelas conversas calorosas de aldeia, da rua para dentro de casa. Foram, voltaram, o Fox parou em frente ao portão a olhar para nós ainda de volta do café e do bolo, "então, não me querem deixar entrar?"
Combinei com a vizinha que um dia destes marcamos uma data para todas as pessoas da rua porem à porta os rebentos do jardim que não quiserem, para os vizinhos levarem para o jardim deles.
Disse-lhe que já estou toda contente a pensar nas batatas azuis que vou ter, nas framboesas, nos tomates, nas abóboras. Ela disse:
- Ainda demora algum tempo.
- Mas já estou contente agora.
Vivo no centro de Berlim ocidental, rodeada de lagos, numa aldeia. Numa bolha.
Cuidado comigo, hoje estou hipersensível. 
Garanto que nunca na vida fiz tanto bem para merecer isto tudo.


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