30 abril 2016

Bartolomeia Dias

No aeroporto, a caminho da África do Sul.
Por causa de umas coisas e outras, traduções e burocracias, prazos a rebentar, mil coisas para organizar antes de sair, atrasei-me imenso. Atirei a minha tralha à tonta para dentro da mala, zarpei.
No aeroporto, ainda atordoada de stress, só fiz asneiras. No controle disse que não tinha líquidos, os sacos tiveram de voltar para trás, esqueci-me que tinha um creme noutro sítio, tive de abrir o saco.
No meio da confusão, o controlador - todo bem disposto - falava do que via no écran. "Vai observar pássaros? Isto são binóculos de profissional! O da ópera também é engraçadinho..." Parvo! Não os deviam deixar beber cerveja ao almoço.
Depois de virar os sacos do avesso e de me rastrearem os sacos e as calças, caí em mim: Bruxelas! Já me tinha esquecido. Claro que estão muito mais atentos, claro que não passa mais nenhum creme distraído no fundo de uma carteira. E provavelmente a conversa dos binóculos era para mostrar ao público que está realmente atento.

O avião está atrasadíssimo. Queria ir comprar uma bebida na máquina, mas mesmo ao lado estava uma senhora a rezar, com o tapete estendido no chão. Preferi não a incomodar. Daí a bocadinho a companhia avisou que ia distribuir bebidas gratuitas a todos.
Obrigadinha, ó Alá! Já poupei 3,5 euros.

Vou a caminho do Cabo das Tormentas (sim, o meu vizinho avisou-me: "um vento horroroso, leva gorro e cachecol!") e arrependo-me da pouca atenção com que li os Lusíadas e a Mensagem. Agora faltam-me os versos para fazer minhas (vá lá, vá lá: nossas) aquelas ondas.

(Tanto melhor.)


1 comentário:

Paulo Topa disse...

Boa viagem.
Gosto mais do Mostrego, do Fernando Pessoa e do João Villaret.