26 abril 2016

"galo ou galinha"

[Notícias frescas da enciclopédia mais engraçada do mundo]

Sabem aquela coisa de "levantar-se com as galinhas"?
Para fusos horários próximos é um truque fácil de explicar. Por exemplo, e o Vítor e eu não nos levantamos com as galinhas (ele, dinamarquesas, e eu, alemãs) (ou berlinenses, que não é a mesma coisa), o sol é que se levanta com as galinhas russas, e nos acorda antes de acordar os outros enciclopedistas, que estão em Portugal ou no Brasil.
Uiiii, os do Brasil! Só aparecem aqui à hora a que estamos a sonhar com galinha de cabidela para o almoço, e depois ficam com fama de mandriões, quando afinal a culpa é das galinhas russas que sacodem o sol para fora da cama à hora a que as galinhas brasileiras estão a sonhar com minhocas e assim.
Para fusos horários longínquos é mais complicado explicar. Como daquela vez que trabalhava em San Francisco e estava à espera de uma tradução que me fora prometida para as nove da manhã de segunda-feira na Coreia do Sul, e até sabia que horas era isso na Califórnia, só não sabia se era de domingo, segunda ou terça. Má organização das galinhas.
(Hoje fiz um risotto fantástico de espargos verdes, acompanhado com um belo branco alentejano, provavelmente nota-se um bocadinho.)
E por falar em arroz de galinha de cabidela: o neto da minha vizinha chama-lhe "arroz de chocolate".
Na casa dos meus pais havia um Livro do Pantagruel, e dentro dele uma receita de arroz de cabidela que começava assim: "vá ao galinheiro buscar uma galinha de tamanho médio". No quintal havia galinhas. Quando estava mau tempo metiam-se na cave. Isso era no tempo em que as pessoas iam do campo para a cidade sem passarem antes por um curso de integração.
Adiante.
A minha melhor história com galinhas conta-se depressa: a minha avó deixava as galinhas à solta no terreiro, e prendia as flores.
A minha segunda melhor história com galinhas contou-ma uma amiga: na casa dela todas as crianças tinham uma galinha de estimação. Em dias de fazer canja, cada irmão fugia com a sua galinha, com ela bem presa ao peito, gritando "a minha não! a minha não!"
A minha terceira melhor história é com pintainhos, promessa de galos e galinhas: fomos à feira de Barcelos, e estavam a vender pintainhos amorosos. Os meus filhos compraram alguns, e puseram-lhes nomes que eram mesmo a cara deles (Elza, Herbert Bonaparte, Fritz the emperor. Mas eles ainda eram muito novinhos, e começaram a morrer, um após outro. Convencido que o nome é que lhes era fatal, o Matthial ainda tentou rebaptizá-los. Debalde. De próxima vez temos de comprar pintainhos mais velhos, e eu, por muito bom que seja o risotto do almoço, bebo é água.


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