21 fevereiro 2016

Berlinale 2016 - dia 1



A minha Berlinale começou mal: na quinta-feira, em vez de ir buscar os bilhetes do dia seguinte às 7:30 da manhã, como quem se interessa, apareci a meio da tarde, e sem ter o programa estudado. Quando tinha finalmente decidido que filmes queria ver na sexta-feira, já não havia bilhetes disponíveis.
Mais me valia ter ido estudar o programa para a Audi Berlinale Lounge, um pavilhão instalado mesmo junto ao tapete vermelho. Assim, quando chegasse ao momento de vir embora de mãos vazias, pelo menos já estava na varanda a meia dúzia de metros dos VIP que chegavam para a cerimónia de abertura do festival.

Mas não. Acabei empoleirada entre dois canteiros ao fundo da praça, em equilíbrio precário, olhando para o écran gigante que mostrava o Ai Weiwei (tinha vindo fazer uma instalação no Gendarmenmarkt, cobrindo as colunas do Konzerthaus com coletes de salvação), a Meryl Streep (muito jeitosinha num vestido confortável e agasalhado) (estou em crer que as verdadeiras artistas são as que não se sentem obrigadas a passar frio no tapete vermelho da Berlinale), os irmãos Cohen, o George Clooney, e todos os outros. Melhor ideia, sem dúvida, era ir ver aquelas cenas em casa, confortavelmente sentada no sofá em frente à televisão, mas queria sentir o entusiasmo da multidão. Há algo embriagante no clamor alegre do público, nos gritos dos jornalistas, nos apelos dos coleccionadores de autógrafos.


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