17 fevereiro 2016

apontamentos da Berlinale

Quando tiver tempo, conto com mais vagar. Para já, alguns apontamentos mais ou menos soltos:

Ontem vi o Cartas da Guerra e o Eldorado XXI.
Queria dizer alguma coisa mais intelectual, mas só me ocorre: opá! opá! opá!
O Cartas da Guerra devia ter sido dobrado (e exigia uma tradução realmente literária), para as pessoas poderem ver também as imagens. Perde-se muito da sua riqueza por se estar a ler as legendas.
O Eldorado XXI deixa-nos sem palavras perante a imensidão das imagens, da dureza da vida, e do risco cinematográfico. 
Não pude ver a estreia do Cartas da Guerra, só vi a repetição, sem a equipa. Mas vi a estreia do Eldorado XXI. É sempre um prazer ver a Salomé Lamas no palco. Um prazer da inteligência.


Hoje ouvi um manda-chuva da ARTE falar do Cartas da Guerra. Dizia ele, a propósito de nunca se saber à partida como é que o filme vai ser acolhido pelo público, que resolveram dar apoio ao Cartas da Guerra, pensando que seria um filme impossível de vender (preto e branco, literatura...) mas esteve na estreia, na Berlinale, e viu as pessoas a sair da sala com lágrimas nos olhos.
"Este filme vai vender", disse ele.
Dizem que vai vender especialmente no público feminino.
(Não contem ao Lobo Antunes, coitado. Ninguém merece, e muito menos ele.)

Falei com o manda-chuva da ARTE, concordou que o Cartas da Guerra não é um filme, é Cinema.
Disse-lhe que veja o Eldorado XXI. Fiquei de lhe mandar uma mensagem a lembrar o nome, quando ele tiver acalmado da Berlinale. Disse que não acalma nunca. Amanhã segue para a próxima batalha.

Esta Berlinale vai arrumar comigo, e ainda só vai a meio.
Hoje: manhã no Instituto Ibero-Americano para celebrar e debater o cinema da Península Ibérica e da América Latina. Eles gostam muito de incluir Portugal, Portugal é que não parece com muita vontade de se deixar incluir. Não encontrei lá nenhum português.
Bilhetes para os programas com a família. Um saltinho ao Arsenal para ver o Havarie (um filme francês, sobre - um doce para quem adivinhar... - refugiados).
Ir a casa resolver umas questões pendentes. Ensaio do coro.
Festa no Instituto Cervantes. (Com pisco sour! fiquei logo cheia de vontade de me tornar ibero-americana...)
No regresso, uma argentina com quem tenho andado nestas andanças perguntou-me pelo Cartas da Guerra, eu contei, falei nos textos do Lobo Antunes, ela perguntou se ele era bom.
 - Muito bom!
- Como o García Márquez?
- Melhor!
(Acho que ainda se está a rir. Humpf. Também, ninguém a mandou exagerar no pisco sour.)

Tenho a sensação que metade dos filmes da Berlinale 2016 são sobre refugiados ou sobre a vida nos países de onde essas pessoas vêm. Dizem-me que o filme que vai vencer o Urso de Ouro vai ser o italiano sobre, adivinharam, refugiados. Por motivos políticos, dizem-me.
A ver vamos.

Sem comentários: