28 outubro 2015

um pouco da RDA

Uma amiga nossa, da região de Leipzig, vendeu a quinta onde passou toda a sua vida. Deu-se conta de que aquela propriedade começara a ser uma prisão, e que dá um trabalho para o qual ela já não tem nem força nem saúde.

No sábado passado combinou com um casal vizinho grelharem umas salsichas no pátio, enquanto queimavam a última tralha. Mas de repente o pátio começou a encher-se com outros vizinhos, amigos, família. Todos com cestos carregados de comidas e bebidas para um piquenique. Nós, que somos os seus novos vizinhos, também fomos.

Por entre salsichas e copos de vinho, os amigos contavam das muitas festas que ali fizeram na altura do Natal, improvisando decorações e jogos com o que havia, de volta de uma fogueira enorme. Os olhos deles brilhavam ao lembrar o gigantesco calendário de advento pendurado na porta do palheiro, as várias camadas de casacos que vestiam para suportar o frio. A nossa amiga também falou dessas festas, e do quanto significavam para eles, no tempo da RDA.
"A comunidade era o mais importante na vida", dizia ela. "A comunidade era tudo para nós", sublinhava.

De volta da fogueira, a sua pequena comunidade despedia-se dela e de mais um bocadinho da RDA que foi a deles e que morria nessa noite.





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