05 outubro 2015

perplexidade

Para mim, o pior dos resultados de ontem foram as reacções de algumas pessoas. Entendo a frustração, entendo a perplexidade, entendo o impulso de querer sair do país. Mas fiquei realmente chocada com desabafos que passavam ao povo um atestado de burrice, de masoquismo ou de um estado de identificação afetiva e emocional com o sequestrador. Pior ainda quando esses comentários vêm de pessoas que elogiam muito o povo quando este vota como elas acham que devia ter votado. A Democracia não é isto. E esperava mais de quem partilha os meus ideais de um país mais solidário e justo.

E agora? É arregaçar as mangas, e continuar a trabalhar. Se a ideia de um Estado com responsabilidades sociais não é suficientemente forte para as pessoas votarem nela, ou se as pessoas não acreditam que haja um partido capaz de defender esses valores, falhámos algures. Se os ventos não correm de feição para os mais desprotegidos da nossa sociedade, mais teremos de trabalhar para lhes mudar o rumo.

(Também eu fiquei perplexa com o facto de tantas pessoas terem votado em partidos que se orgulham de ter ultrapassado a troika pela direita. E a alta taxa de abstenção entre as pessoas jovens em cuja Educação o país tanto investiu, nomeadamente as que emigraram, incomoda-me particularmente.)


2 comentários:

jj.amarante disse...

Não é difícil votar quando se está fora do país? O Correio d a Manhã e o i falam hoje das deficiências dos cadernos eleitorais que são aparentemente mal mantidos. Existirem 9,5 milhões de eleitores para 10,6 milhões de residentes é muito estranho.

MANOJAS disse...

Não é fácil, como povo, libertarmo-nos de quarenta e tal anos de Estado Novo.