Tinha visto a fotografia - dessa e de outras ondas semelhantes - numa galeria na Fasanenstrasse, e estava fascinada. O Matthew Cusik fez uma colagem a partir de um mapa-múndi, e depois fotografou. Em tamanho grande, via-se bem que na espuma da onda se juntavam bocadinhos da Antárctida e do Árctico, do Pacífico e da Índia, alguma areia do Saara, coral das ilhas.
Queria uma onda. Essa. Mas custava 300 euros (entretanto duplicou o preço, triste vida) e o Joachim perguntou-me se não seria mais razoável pedir a um pintor amigo nosso que pintasse uma onda. Gosto muito dos seus trabalhos, e é verdade que uma fotografia cem vezes repetida não é o mesmo que uma tela original, e se os amigos já estavam a fazer uma vaquinha... Como eu na altura era muito nova, concordei. Encomendámos a onda ao nosso amigo, que se sentiu capaz de meter o meu Atlântico numa tela. Começou a pintar, fomos ver o seu trabalho: era tudo muito bom mas nenhuma daquelas ondas era a minha. Suspeitei que ela não saberia o que é lutar contra ondas gigantescas, com tamanha carga de adrenalina e gozo que nem se repara que são geladas. Além disso, aquele azul não era o meu azul, e aquela areia não era a minha areia.
Entretanto, os anos passaram e trouxeram com eles uma espécie de doçura. Olho para estas ondas e penso que a de baixo não está nada mal, não senhor, e talvez fosse boa ideia ir falar de novo com ele.
Mas ontem vi que a Maria Leonardo publicou uma onda no facebook dela, e é muito melhor que qualquer mar do Gerhard Richter. Fiquei a olhar para essa onda poderosa e surda pensando "agarrem-me, que..."
E assim vai a vida.
Vai e vem, vai e vem, rebenta e recomeça. Sem sair do sítio, sempre renovada, sempre bela.(A palavra de ontem na nossa enciclopédia era "onda")
4 comentários:
Tens de levar o senhor a Viana, se calhar acha que ondas são aquelas pontas mais espigadas da sopa báltica.
(não tens nada, tens de não escolher second best quando sabes exactamente o que queres - é sempre mau negócio, depois já temos a coisa mas ainda não temos a coisa e é uma incompletude)
(Queridos outros comentadores: quem alinha numa Onda Crowdsourcing? Ainda temos algum tempo até ao próximo aniversário!)
Olha que pensei mesmo nisso! Ele só vai saber pintar a minha onda depois de ter visto (e combatido) o meu mar.
E és muito querida, mas nada de crowd founding. Ainda não gastei esse dinheiro que me deram nos anos, por não saber escolher entre qual das ondas!
Pus a do Cusik como screen saver, e fiquei com a sensação que já me chegava. Entretanto vendem as fotografias (1 de 100, acho eu) a mais de 600 euros. Não sei, não sei. A Maria Leonardo é fantástica e (por enquanto) bastante mais acessível.
De modo que: não façam nada! Ficamos aqui a conversar, conversa vai conversa bem, sem decidir nada e sem sair do sítio. Adoro. :)
Eu alinho no crowdsourcing.
:)
Vocês são é tontas!
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