01 junho 2015

que faria o Monet com esta chuva?






Já não tenho a menor dúvida: para que chova nesta cidade, basta eu regar o jardim. Tiro e queda. 
O que me falta ainda investigar:
- Se regar pouco, chove pouco? (ontem reguei muito, hoje chove muito; e já aconteceu de eu regar pouco e chover apenas um chuvisco - tenho de observar isto mais cuidadosamente, a ver se consigo descobrir uma maneira de regar pouco para chover muito)
- Quantas horas demora antes de começar a chover? (devia esclarecer isso e passar a regar de tal maneira que a chuvada só venha depois de as pessoas se recolherem a casa)

Se me chateia? Claro que me chateia! O São Pedro não terá mais nada nem ninguém de que rir? Tem de ser à minha custa? É a quinta ou a sexta vez (consecutivas!) que se põe a chover depois de eu ter andado horas a cuidar que a relva não seque. Mas se eu não rego, ele não chove. 
Engraçadinho. 
Palerma! 
Quando calhar de o ver frente a frente, vai ouvir poucas e boas. 

Se me deixo vencer por esta contrariedade? Não, senhor. Vou pedir à cidade de Berlim que me pague para eu regar o meu jardim. O trabalho e a água. Eles pagam, claro, se forem espertos pagam. Só o que poupam em jardineiros e água de regar todos os jardins e parques municipais!  

(Ui, já imagino a primeira página do Bildzeitung: "Portuguesa provoca níveis catastróficos de desemprego entre os trabalhadores dos jardins públicos de Berlim!")
(E as primeiras páginas dos jornais portugueses: "Portuguesa ajuda Merkel a meter água") (perdão, esqueci-me do erro ortográfico: "Portuguesa ajuda Merckel a meter água")
(E deixem as televisões portuguesas descobrir que eu tenho estes poderes, já me estou a ver num programa em horário nobre a agitar regadores mágicos em estúdio, para transformar o Alentejo num enorme Pantanal)

Agora só falta mesmo responder à primeira questão: como será que o Monet pintaria nenúfares à chuva? E: será que na terra dele não chovia? Não havia lá uma Helena, com candeias às avessas no céu como eu, a regar o jardim?


1 comentário:

jj.amarante disse...

Parece-me notar aí um padrão: à medida que se prolonga a seca vai aumentando a probabilidade de chover. Observe assim o estado da sua relva e decida: já não posso esperar mais, hoje vou regar. Depois diga para com os seus botões: afinal não, vou esperar mais um dia.