24 fevereiro 2015

Assim não, Europa!

(publicado no jornal Die Zeit online, e traduzido depressa demais, aviso já)

Assim não, Europa!

Embaraçoso - é o que se pode dizer sobre o encontro do Eurogrupo. A responsabilidade por esta situação cabe tanto aos alemães como aos gregos: o comportamento de ambos ridiculariza a Europa.

Um comentário de Marlies Uken, Bruxelas





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Bundesfinanzminister Wolfgang Schäuble  |  © Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images
Os credores da Grécia têm bons motivos para se sentirem irritados com o novo governo de Atenas. Depois da vitória apoteótica, os novos governantes percorreram a Europa em mangas de camisa, anunciando simplesmente o fim da política de salvação [do euro] até então em curso. Mais ainda: o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, comparou o trabalho da troika, tão odiada pelos gregos, aos métodos de tortura da CIA.

A Grécia quer ter um papel especial, pede tempo e dinheiro e está disposta a oferecer, no máximo, compromissos em doses homeopáticas. Simultaneamente, o novo governo grego apresenta-se como o salvador de toda a Europa. Isto não tem como resultar, pelo que deve ser rejeitado pela UE e pela Zona Euro. Tanto mais que está em causa dinheiro dos contribuintes no valor de milhares de milhões. 

Ao quinto dia das negociações ainda não se tornou claro o que é que o governo grego quer. Em vez disso, Jeroen Dijsselbloem, o chefe do Eurogrupo que foi a Atenas reunir de urgência, viu-se humilhado com estrondo mediático. Pode ser que isso traga pontos ao nível do eleitorado grego, mas cai muito mal aos parceiros europeus. 

E depois, na qualidade de novo colega em Bruxelas, fazer discursos longos e académicos sobre a democracia - referindo apenas lateralmente as imensas necessidades de financiamento da Grécia: também assim o ministro Varoufakis abusou da paciência dos seus colegas. 

Um compromisso tem de ser realizado 

Para dar a ideia do conjunto, é preciso também dizer que o modo como o resto da Europa está a reagir à Grécia é sinal de falta de respeito e solidariedade. Mesmo que a alguns políticos europeus não dê jeito que a detestada esquerda tenha ganhado as eleições na Grécia, ela merece ser ouvida. As suas críticas à política da troika e da salvação do euro têm a sua razão de ser. 

O comunicado final que o Eurogrupo apresentou ontem à tarde para ser assinado pelos gregos era, contudo, de tal modo inaceitável, que chega a ser desavergonhado tê-lo trazido para a mesa. Nele não havia a menor intenção de aproximação mútua, de disponibilidade para compromissos. E em particular a Alemanha desempenha aqui um papel inglório. Não apenas pela teimosia que o ministro Schäuble exibe repetidamente. Nos bastidores, o ministério das Finanças diz mal do novo colega grego e critica o modo como se apresentou em Bruxelas. Isto também é um mau estilo!

Independentemente da questão sobre quem chantageia quem, os gregos chantageiam o resto da Europa ou a Eurozona e o FMI chantageiam os gregos: estamos todos numa lose-lose-situation. Mais uma vez, a Eurozona é posta perante os seus limites. Se existe realmente esse desejo tantas vezes formulado de um acordo, as duas partes têm de se começar a mexer agora. A Europa é um continente de compromissos. Este é o momento de o realizar, em vez de ser apenas exigido. Vale para os dois lados.  

MARLIES UKEN
Marlies Uken
Marlies Uken ist Redakteurin im Ressort Wirtschaft und bloggt bei ZEIT ONLINE. Ihre Profilseite finden Sie hier.
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