01 setembro 2014

saia então um Simon Rattle para aquela desbragada na mesa do canto, ou: como não ficar de bem com o mundo e as suas gentes? (3)





No sábado passado inauguraram uma nova exposição no foyer da Filarmonia: fotografias de Cordula Groth, que é casada com um antigo solista da orquestra e conseguiu que, durante décadas, a deixassem fotografar a orquestra como se fosse um deles.

Como explicou a Verena Alves, que organizou a exposição, Cordula Groth sabe esperar pelo momento certo, à maneira de Cartier-Bresson. E que momentos! Karajan e a mulher alheios ao resto do mundo, Barenboim a saltar do piano como se tivesse uma mola, Yehudi Menuhin a dirigir a orquestra fazendo o pino (em 1982, por ocasião do centenário da filarmónica), e... Simon Rattle.









Gostei especialmente das fotografias que mostram os músicos descontraídos e sorridentes:





Pois por lá andava, com o copinho de Sekt numa mão e o telemóvel jurássico na outra, e calhou de começar a falar com a fotógrafa. Por causa da minha boca grande, que dispara mais depressa que o pensamento, dei comigo a pedir-lhe que no fim da exposição me desse o poster do Simon Rattle, para pôr no meu quarto. Ela riu-se, perguntou se o meu marido estava de acordo, e acabou a aceder, com uma gargalhada quase trocista. Enfim, não será bem a fotografia enorme que está à entrada da exposição, mas uma cópia mais pequena e muito à medida da parede que já lhe está reservada. Depois tive de aturar também a troça dos amigos, que me perguntavam se ia pôr o Rattle no lugar do crucifixo por cima da cama, mas nem me importei - lá no sétimo céu onde me encontrava, estava completamente de bem com o mundo e as suas gentes.

Continuei a fazer fotografias piratas. As imagens estão por trás de vidro que reflecte as luzes do edifício, o que nem sempre dá jeito, mas permitiu-me brincar um bocadinho aos selfies com os famosos dirigentes (só tenho de treinar melhor como fazer fotos com uma mão só sem ficar a parecer que tenho uma lula na ponta dos braços) (ou então, podia largar o copo, também não seria má ideia):




A 9 de Setembro recomeçam os Lunchkonzert no foyer às terças-feiras. Óptima oportunidade para os que estão por esta altura em Berlim entrarem e verem a exposição. De brinde, levam um concerto à hora do almoço, que costuma ser sempre bom.


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