18 março 2014

outras maneiras de ver a crise ucraniana

Neste meu papel de vai-vem europeu das ideias, levei para alguns amigos russos as teorias que ouço em Portugal sobre as culpas da Alemanha e a da Polónia na crise da Ucrânia. Recebi respostas iradas (hei-de ver se arranjo de blindar o vai-vem, que isto às vezes o perigo é a minha profissão...). Frases assim:

- O presidente russo não se sente provocado pela Polónia ou pela Alemanha, está-se nas tintas para esses países que não podem ameaçar o seu poder. O problema é que ele se sente provocado pelos cidadãos ucranianos, que tiveram a ousadia de expulsar um presidente criminoso. Não quer que o seu povo siga o exemplo, e por isso está a castigar os ucranianos.

- Pergunta aos ucranianos que se aguentaram no frio durante três meses, sujeitos às balas dos mercenários contratados pelo seu governo, pergunta aos que deixaram lá a sua vida se receberam alguma ajuda dos polacos.
A revolução não se pode apoiar de fora, é um processo íntimo. As pessoas decidem que o respeito por si próprias lhes é importante, e que preferem correr risco de vida a ter de corar quando os filhos lhes perguntarem "o que é que fizeste naquela altura para impedir o país de cair no buraco em que estamos hoje?"
Nenhuma Polónia, nenhuma América, nenhum estrangeiro pode ajudar. Pode aplaudir, como fazem os polacos, ou ter medo, como os patifes no Kremlin. Mas quem, em Kiev, deu a vida para a liberdade não foram os polacos - foram os ucranianos.


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