14 março 2014

é para te proteger, minha filha

Uma vez, ia eu com a minha filha de nove anos por uma rua de Weimar (já contei aqui esta história, mas adoro repetir-me, e além disso hoje vem a propósito) e chegámos a um cruzamento muito complexo onde há muitos semáforos e não passa carro nenhum. Estava vermelho para peões, nós estávamos já bastante atrasadas, e aquele semáforo demora eternidades até nos deixar passar, pelo que expliquei à miúda que íamos fazer uma coisa muito perigosa, blablabla, e que eu só fazia porque era muito mais alta que ela e por isso podia ver muito bem que não vinha carro nenhum a mais de meio quilómetro, e que ela nunca podia fazer aquilo sozinha, blablabla, atravessámos a rua e parámos no semáforo seguinte, também vermelho. Um condutor que estava à espera do sinal viu o que fiz, abriu a janela do carro e começou a chamar-me nomes num tom impressionante.
A minha filha perguntou:
- Mãe, porque é que este homem te está a chamar vaca estúpida?
- É para te proteger, minha filha...

É mais ou menos por aí:
- Mãe, se tu morreres, porque é que o Estado não deixa que eu fique a viver com a tua companheira na nossa casa? Porque é que ela não pode ir à minha escola tratar dos meus assuntos?
- É para te proteger, meu amor.


3 comentários:

mdsol disse...

Bravo, Helena.

Um, beijo.

Gi disse...

Se visses o email demagógico que recebi sobre esse tema... Ainda nem tive palavras para lhe responder.

Helena Araújo disse...

mdsol, :)

Gi, hoje estou com paciência. Manda para cá esse e-mail, e combinamos juntas uma resposta. Queres?