30 janeiro 2014

ah, e tal, a praxe é um importante rito de passagem, uma iniciação, uma preparação para a vida...

Em Stanford, os caloiros são recebidos assim:



Recebidos com esta palermice de paninhos quentes e ambiente caloroso, está-se mesmo a ver que aquela Universidade nunca há-de passar de uma cambada de meninos-da-mamã medricas e incapazes. Ainda nem conseguiram juntar meia centena de prémios Nobel, nem nada.
Incompetentes, é o que eles são todos.

2 comentários:

susskind disse...

Olá Helena,

só queria deixar uma nota. Creio que podemos estar a passar ao lado de um aspecto muito importante. Tanto quanto percebo as praxes são organizadas, apoiadas, enquadradas pelas associações de estudantes. Mesmo numa época e sociedade muito despolitizadas, as acçÕes destas associações têm um impacto e um significado político que não podem ser ignorados. Eu li (de relance) um título de jornal que dizia que 14 associações de estudantes vinham a terreiro defender as praxes. Era interessante que fosse feito um trabalho jornalístico de investigação que nos informasse da acção das associações ao longo das duas últimas décadas, qual o seu papel na organização das praxes, no financiamento (se existe), quem as apoia e as financia, e por aí fora. Em vez do enésimo artigo folhetinesco sobre a enésima acção de praxe. Ao ouvir a banda som dos vídeos das praxes aqui deixados e também no You Tube eu diria que os grunhos imbecis (não vale a pena recorrer a eufemismos) que se ouvem estão a fazer aquilo porque "alguém" os convenceu que é aquilo que eles devem fazer (como? jornalista de investigação procura-se), e que são uns pobres diabos incapazes de conceber e organizar o que quer que fosse. Posso estar enganado, mas é a minha impressão.

susskind disse...

Outro aspecto a ter em conta. Há um ataque à gratituidade e ao financiamento do ensino superior público pelo mundo ocidental. Nos EUA já vai bem avançado , em Inglaterra também, na Alemanha e até em França está a arrancar. Este governo tem certamente esse mesmo objectivo na manga. Começou por fazer a "revolução" nos ensinos básico e secundário, mas o superior não vai tardar. A imagem que vai passando para a sociedade sobre a universidade é esta bandalheira das praxes. Não vai ser díficil invocar as praxes para ilustrar a tese de que a universidade pública é um grande forrobodó, que é preciso pôr ordem naquilo, logo que é necessário fazer pagar propinas bem caras. Não detalho o argumento expectável pois creio que não será díficil a quem lê isto reconstrui-lo. Aquilo que tem sido ignorado nesta discussão sobre as praxes é o seu significado político e social; oO que se passa na universidade ultrapassa largamente o umbigo dos meninos que pensam que aquilo é um grande liceu. Existe para lá das suas (deles) necessidades psicológicas ou vivenciais e das suas argumentações centradas neles próprios, uma responsabilidade político e social, para além da académica, que enquanto adultos não podem deixar de assumir, e que não devemos deixá-los abdicar. Isto não é paternalismo, é um imperativo político. Que imperativo?

A universidade deve ser tendencialmente gratuita, aberta de facto a todas as classes sociais. Para defender esta noção do que é uma universidade pública é necessário garantir que o seu modo de funcionamente é coerente e que está à altura dos objectivos sociais que lhe estão subjacentes. Para isso é necessário etabelecer algumas regras básicas de conduta, chamemos-lhe deontológicas. Isso implica um mínimo de exigência em relação aos alunos a quem deve ser exigido um nível mínimo de maturidade intelectual, tanto do ponto de vista científico como político e social. Quem não está suficientemente maduro não deve entrar, falta-lhe trabalho a cumprir, pode entrar um ou dois anos mais tarde (isto resolve a questão da falta de vida e de experiência social e cultural). Este modelo de universidade público pode e deve ser debatido publicamente, se a maioria (enganando-se, mas isso sou eu que penso) achar que a universidade é um negócio como os outros, e resolver destruir a universidade pública, assim será. É essa a regra democrática. Mas não podemos é deixar baralhar as ideias e os conceitos. O modelo de universidade pública ocidental não é nem o de um grande liceu, nem de uma escola privada em busca de clientes (cultivando para isso as praxes como na Ivy League incentivam as equipas desportivas universitárias e contratam os Mourinhos do desporto universitário) nem é compatível com as "necessidades" subjectivas (que não são expontâneas, mas que são construídas no sentido marketing do termo) de gente que tem os comportamentos que se vêm por esses vídeos. Curiosamente não vi ninguém notar que todos os alunos que vão para a universidade têm de vir dos liceus, onde não precisaram de praxe para se integrar, tiens ...