10 novembro 2013

amizade




De hoje a uma semana faço 50 anos. Estamos a preparar uma festinha, e hoje os amigos desataram a telefonar: a que mora no Lago Constança e traz todas as coisas para a decoração da sala ("há aqui umas estufas de rosas com flores lindíssimas por um preço inacreditável!" - lá vai ela atravessar a Alemanha com um balde cheio de rosas, e água, e tudo) (e o Joachim, suábio incorrigível, a pensar encomendar-lhe mais um baldinho com cinquenta, hehehe, a minha vida às vezes dava um filme muito divertido), a casada com um músico peruano ("queres um pequeno concerto de música andina?"), os milhentos "que querem que levemos para comer?", "a sala tem um piano?", e por aí fora.
Algo me diz que vamos dar a volta ao mundo em Neukölln - dos Andes à Rússia, passando pelo caldo verde e pela música clássica - e já estou cheia de pena de todos os amigos de Portugal que não convidei, apenas porque não os queria obrigar a olhar para o abismo da sua conta bancária.

Uma festa destas, em que eu arranjo a sala e os amigos trazem a comida, a decoração, o programa cultural e a animação, é um daqueles momentos em que sinto com limpidez e alegria a sorte de ter amigos assim - amigos que são escoras.

A canção do vídeo vem num novo CD do Wladimir Kaminer e do seu amigo Yuri: "as canções favoritas dos condutores de táxi" - o meu novo vício. A ver se a tocam lá, essa e as outras da Russendisko, e ainda algumas das músicas portuguesas que estão no CD que uma amiga portuguesa ofereceu ao Kaminer em Lisboa. Para também ela, de algum modo, estar connosco. Porque a única coisa que me custa, nessa festa, é a impossibilidade de juntar nela todos os amigos - os que moram na Alemanha e os que moram em Portugal. A vida de uma estrangeirada tem destas dores.


1 comentário:

Sandra disse...

Ái que bom. Estou mesmo a imaginar essa festa tão animada e multicultural. Não morasse eu tão longe...........