13 outubro 2013

Mariza 13.10.13

Antes mesmo de entrar, já a sua voz enchia a sala. Poderosa, portentosa. Avançou sem luz, silhueta elegante e altíssima, quase irreal. Depois apontaram-lhe os holofotes, e ela tomou conta do palco. Muito simpática, alegre, divertida. Completamente à vontade, a cantar e a dançar (depois de ver a Magdalena Kožená a cantar Mahler em cima de uns saltos de quase meio metro, pensei que já tinha visto tudo, mas não: a Mariza canta e dança em cima de saltos de meio metro!), a fazer brincadeiras com os músicos (chegou a parar a meio do fado, deu umas voltas pelo palco, em silêncio, e sorriu-nos com ar trocista e cúmplice, "adoro isto - eles estão à minha espera!"), a pôr o público alemão a cantar fado em português - uma entertainer nata. E uma cantora daquelas que não se esquece.




O público, encantado, passou o concerto inteiro a sorrir. Mas quando ela cantou Smile, no segundo encore, alguns choraram uma lagrimita.



Lá para o fim do concerto, a sala já aplaudia as canções de pé. No último fado, ela subiu por entre nós com o seu sorriso cativante, aumentando ainda mais a emoção dos portugueses quando cantou o refrão "ó gente da minha terra" ao fundo da sala. Depois despediu-se das pessoas junto ao corredor e na fila da frente, ouvi-a quando passou por nós: "obrigada!"
Foi-se embora. Apetecia-me agora saber quando volta, para começar a fazer risquinhos no calendário.

A Mariza e os seus músicos, a Mísia, a Maria João, o Mário Laginha, o Carlos Bica - tenho-os visto por aí, na Alemanha e nos EUA, e sinto sempre um orgulho parvo, só porque eles são portugueses como eu.
Não que sejam bem como eu - eles elevam a minha condição de portuguesa.
Devo-lhes muito.

(E à Mariza devo ainda mais isto: não cantou o Meu Fado - se já foi tão difícil com o Beijo de Saudade / Para levar ao mar e o mar à minha terra, sei lá o que me podia acontecer se ela cantasse o Meu Fado...)


Sem comentários: