14 outubro 2013

Alice Munro, pelo SNPC


O SNPC oferece um bom mapa para a caminhada que me levará até à Alice Munro. Copiei para aqui o texto. Ao qual acrescento este site, com alguns dos seus contos: Read 16 Short Stories From Nobel Prize-Winning Writer Alice Munro Free Online.

ADENDA - mais um link para um conto: The bear came over the mountain.
(Isto de dar o Nobel a uma escritora de contos é muito prático para a comunidade internética. Até me lembra quando deram o Nobel ao Krugman, e de repente desatámos todos a ler os seus escritos na internet, em vez de corrermos para uma livraria ou esperarmos que alguém nos trocasse tudo por miúdos.)


Alice Munro, nascida em 1931, demonstra há décadas um talento imenso para aquela que é uma das artes mais difíceis para quem faz literatura: escrever contos. Contos completos, profundos, simplesmente maravilhosos. E é precisamente por ser «mestra das histórias breves contemporâneas» que os académicos de Estocolmo lhe atribuíram o Nobel da Literatura de 2013.
A enorme capacidade de escrita - no seu inconfundível inglês, essencial e poético, em que nem uma palavra é escolhida ao acaso - une-se nas suas histórias ao dom de um olhar acutilante e indagador. O resultado é a extraordinária capacidadede chegar ao cerne das histórias e da vida. Com uma atenção irresistível, com uma grande delicadeza, sinais de uma sólida inteligência.
Nascida em Wingham, no Ontário, Canadá, há 82 anos, Alice Munro começou a escrever durante a adolescência, mas só aos 37 anos conseguiu publicar o seu primeiro conjunto de contos, "Dance of the happy shades", que rapidamente suscitou o favor da crítica.
Nesse mesmo ano (1968) obtém o "Governor General's Award", o principal prémio literário canadiano, que vencerá mais duas vezes.
Ainda que a maior parte dos seus contos decorra nas pequenas cidades do sudoeste do Ontário, Murno é capaz de colher temas, estados de ânimo e tonalidades com um autêntico verniz de universalidade.
Mães, filhas, amantes, pais, amigas, irmãs e irmãos; adolescência e terceira idade; amores que nascem, explodem, queimam, amores que às vezes terminam e às vezes sobrevivem; esperanças laborais, lutas, sonhos, doenças, solidão e doença, gestação e aborto (o grito desesperado e brutal de "My mother's dream" é uma das páginas mais significativas da literatura que lida com a narração de uma interrupção da gravidez).
Entre todas as histórias, a sua obra-prima é talvez "The bear came over the mountain", um dos primeiros casos em que a literatura se envolveu com a doença de Alzheimer. E com os temas da identidade, perda e amor que ela coloca.
«Munro é apreciada pela sua arte subtil do conto, imbuída de um estilo claro e de realismo psicológico», descreveu o comité numa biografia da escritora.
«As suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades, onde a luta por uma existência socialmente aceitável muitas vezes resulta em relações tensas e conflitos morais - problemas que resultam de diferenças geracionais e ambições de vida que colidem», continua.
«Os seus textos descrevem frequentemente "eventos do dia a dia, mas decisivos; verdadeiras epifanias que iluminam a história e deixam questões existenciais aparecer num relâmpago", sublinha a academia.
Entre os livros publicados em Portugal incluem-se "Amada vida" (2013),"O progresso do amor" (2011), "Demasiada felicidade" (2010), "O amor de uma boa mulher" (2008), e "Fugas", todos editados pela Relógio d'Água.
Em julho, Alice Munro declarou publicamente que não voltaria a escrever. Mas quando soube que tinha ganho o Nobel, afirmou que poderia mudar de ideias...

Giulia Galeotti
In L'Osservatore Romano
Com agências
© SNPC | 10.10.13

1 comentário:

CCF disse...

Obrigada! Bom serviço público aqui:)
~CC~