03 junho 2013

fora de época



Esta manhã, enquanto trabalhava na declaração de impostos, andei a explorar o Facebook em busca de música dos amigos. Encontrei no mural do Vítor Santos Lindegaard uma canção que me cativou. Gostei de tudo: a voz, a concertina, a melodia, a calma. Estavam-me a contar uma história - mas qual?
Um pouco mais tarde, o Vítor passou-me uma tradução feita por um colega do Speedy Gonzalez (a internet está cheia de gente boa, é o que vos digo!):

(...) Chegou o Pepe Rápido com uma tradução bastante deselegante, mas que dá para compreenderes de que se trata. É preciso dizer também que Benny Andersen usa esta Rosalina como personagem recorrente das suas canções, um bocado como as Leonores e Nises clássicas, mas era de facto o nome da sua mulher, Cinthya Rosalina. 

O sol boceja, sonolento, atrás de uma árvore.
E as sombras vão ficando roxas e alongadas
A lua aparece. Esté em miguante.
Digo eu: "Já deve ser tarde."
"Não," diz a Rosalina, "é o verão que acabou.
A partir de agora, é cada vez mais outono, minuto a minuto"
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.
O dia torna-se uma sombra de si mesmo.
E o sol foi substituído por uma lua delgada.
Mas continua a ser bonito, isto aqui.
Então, antes de nos irmos embora, ficamos um bocado de pé.
Envelhecemos, dou-me de repente conta disso.
Está fresco, aqui em Hjortekærsvej.
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.
Todos os anos fico triste e melancólico
Nesta altura, quando o verão chega ao fim.
O dar-se conta do passar dos anos.
Das folhas que caem no calendário da vida.
Envelheço dez anos em dez minutos.
E o céu fica sombrio e a lua branca amarelada.
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.
Passo em revista a minha vida
Mas só me lembro das coisas parvas.
A lua é de repente engolida por uma nuvem.
A minha resistência vai diminuindo.
Digo: "Rosalina, vamos voltar para trás.
Temos de pensar na minha idade".
Ah sim ‒ ah sim, ah sim, ah sim.
E diz a Rosalina: "Sabes uma coisa?
Espero que o outono venha depressa.
O outono sempre me trouxe força e alegria.
Tenho a impressão de que paro no verão.
As cores do outono têm brilho e temperamento ‒
Sinto-me sempre renascer!”
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.
Sai-me o peso do coração.
Imaginem - a Rosalina é minha mulher!
Sinto uma leveza nas pernas.
Quase que começo a voar.
As estrelas apontam constelações no país e na cidade. 
A noite ainda é uma criança, o mundo ainda é novo!
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.
Porquê olhar para trás quando se quer antes olhar em frente?
Eu e Rosalina apanhamos o Grande Carro para casa.
Ah, sim - ah sim, ah sim, ah sim.


*
Parece-me que esta canção de Outono me vai ficar de todas as épocas.
Como esta outra, que fala de neve - perfeita até para as doces noites de Agosto:



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