12 abril 2013

no reino dos golfinhos cor-de-rosa



Se bem percebi, é assim: onde há golfinhos cor-de-rosa pode-se entrar na água, porque aí não há piranhas nem caimões. De modo que saíamos no barco já com os fatos de banho a postos, e procurávamos atentamente sinais de golfinhos. Sinais discretos, que os bichos gostam pouco de se exibir: um ligeiro assomar de golfinho à superfície da água, um ou dois segundos apenas, já cá não está quem se mostrou. Por conta dessa discrição, tenho centenas de fotografias de mera agitação das águas. E são as que fiz quando já tinha muita experiência - as primeiras duzentas, essas, nem agitação mostram. É que entre dizer "ooooh! um golfinho!", pôr a máquina a jeito e disparar, já o rio teve tempo de voltar à habitual placidez. Como é que os fotógrafos acidentais faziam no tempo das fotografias de papel?

aqui vemos três golfinhos a brincar às escondidas com as máquinas fotográficas

junto ao cais em Santa Rosa: aqui vemos um golfinho a pensar se revela mais ou se já chega, e escusam de criticar a fotografia por estar torta - não se esqueçam que eu estava num barco, e tudo acontecia tão depressa que nem tinha tempo para dizer "oooh! ali!", quanto mais para alinhar o horizonte


Eu tentava fotografar, os outros atiravam-se logo à água e daí a nada estavam aos gritos "passou por mim!" e "tocou-me!" e "está ali!"
Uns brincalhões, os golfinhos. Parece que adivinham para onde o nadador está a olhar, e passam-lhe por trás, a curtíssima distância. Ou vêm ter connosco debaixo da água, sem que os possamos ver.

Desisti de fotografar os bichos e saltei para a água tépida e verde. Daí a nada, os meus pés começaram a bater em algo simultaneamente macio e compacto. Podia ser uma rocha coberta com algas - mas era uma rocha que vinha sempre ao meu encontro. Muito simpático, o golfinho, muito sociável.
No entanto, confesso que é uma sensação estranha, quase angustiante, tocar repetidamente com os pés num golfinho que não se vê.

lá vai o grupo alegremente pelo rio fora, atirando uma garrafa de plástico vazia para tentar atrair os golfinhos

 lá vem um golfinho outra vez

lá vai ele de novo
(para poderem ver melhor, cliquem na imagem)
(podia pôr aqui dezenas de fotografias deste tipo...)
(sim, eu sei, ficamos assim e não se fala mais nisso)

No reino dos golfinhos cor-de-rosa, o melhor - o melhor de tudo -, era dois irmãos a matar as saudades que tinham um do outro.


(Dois dias mais tarde, o Einar lembrou-se de avisar que as piranhas vão aonde cheiram sangue, e que as mulheres "com o problema do período" nem com golfinhos estão seguras. Obrigadinha, obrigadinha - essa informação veio muito atempadamente para um grupo onde havia quatro mulheres...)

2 comentários:

snowgaze disse...

tão queridos, os teus filhos :)

Helena Araújo disse...

:)