15 dezembro 2012

o stress continua...

Hoje passei pela Filarmonia com amigos de Weimar. Queríamos ir ver a exposição do Schinkel, no Kulturforum, mas antes aproveitámos para fazer a visita guiada na famosa casa em frente. Ouvimos uma orquestra de câmara a ensaiar os acordes finais de uma peça barroca - tocaram a última frase pelo menos 5 vezes. São os stalker da perfeição, estes músicos.
Depois o orgão entrou em cena. Agora tem ainda mais tubos - no Verão instalaram as chamadas trombetas espanholas ("espanholas", dizem eles na Alemanha - são é ibéricas). Agora é que eu queria ouvir ali a oitava de Mahler! Mas talvez não ousem mais, talvez temam que a casa venha abaixo. Pois se já antes do Verão foi completamente avassalador, e não tinha essas trombetas viradas para o público!
O orgão calou-se, e nós descemos para perto do palco para ver o elevador dos instrumentos. Saiu o cravo, entrou o piano. "O do Pollini?", perguntei eu, que bem sei do concerto desta noite. "Não, não deve ser", disse a guia, "estou a ver o Marek Janowski, deve haver um ensaio para outro concerto". Um jovem pianista sentou-se ao piano, e a sala encheu-se de uma música clara e segura - que era aquilo? Parecia que estava a fazer variações sobre temas de Bach. Mais um em quem estar de olho: Alexej Golatch. No fim desse ensaio o piano seria retirado, para trazer um outro, o que acompanha o Pollini para todos os concertos. Naquela sala a azáfama não pára!

A exposição do Karl Friederich Schinkel está muito boa, mas o melhor de tudo foi vê-la com aqueles amigos, que há décadas estão ligados a alguns dos museus mais importantes da Alemanha, e conhecem as peças de outras exposições que organizaram, ou porque eles próprios as emprestaram. "Olha, está aqui aquele quadro engraçado do Hummel!" ou "emprestaram-me este quadro do Schinkel para uma exposição que fiz sobre o Goethe, para servir de contraponto" ou "o Schinkel conheceu Goethe e apreciava-o muito - aliás, só assim se explica que tenha aceitado fazer a sala em homenagem a Goethe no Neues Schloss; em si, o projecto não era muito interessante".
Ao percorrer as salas da exposição fui-me dando conta de quanto do que faz parte da minha vida é criação do Schinkel - não apenas os edifícios lindíssimos em Berlim, ou o jardim da ilha dos museus, mas também o céu estrelado do cenário da Rainha da Noite, na Flauta Mágica.





Gostei imenso do quadro "a noite cai sobre Nápoles" (infelizmente esta reprodução pouco tem a ver com o original):



Contava mais, mas neste preciso momento estou a ouvir em directo o concerto do Pollini no Digital Concert Hall (diz que vão tocar uma peça de Liszt que os nazis usavam para anunciar vitórias, diz que a escolha foi um bocado criticada - coitado do Liszt, sujeito a censura!)
E ainda tenho de fazer o jantar, e jantar, e sair para o Late Night. É a seguir a este concerto que estou a ouvir, e parece que hoje vai ser muito bom. Parece que o Simon Rattle e a soprano vão trocar de funções: ela dirige a orquestra, e ele... veremos.
Será que já disse hoje que esta cidade é um stress?
- Um stress feliz.

E lá vou eu!

***

Nota, para quem vive em Berlim: o Late Night começa às 22:30, custa 10 euros. Quem te avisa teu amigo é.

4 comentários:

joão josé cardoso disse...

Assim off topic deixo o recado:

http://concurso.aventar.eu/registo/

Este ano não há nenhum nabo a enganar-se na categoria, é self service...

Paulo disse...

Então e o resto da história do Late Night?

Helena Araújo disse...

Paulo,
já está! Acabei de publicar o post.
Ontem foi mais um daqueles dias em que tinhas de ter estado em Berlim.

Helena Araújo disse...

João José Cardoso,
obrigada pelo aviso!